Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo agradou aos partidos de oposição e foi acatada com naturalidade pelos aliados do governo na Câmara."CPI é da Casa (Câmara). Se o STF decidiu pela instalação, quem sou eu para dizer se achei bom ou ruim? Vamos cumprir", disse o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE). "Vamos torcer para que funcione como as CPIs no passado: verdadeiramente investigando o foco".Para o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), “prevaleceu a lei, a Constituição, o direito das minorias e o bom senso”. “Estamos satisfeitos com a decisão”. O deputado disse que a CPI deverá funcionar dentro da lei e sujeita apenas às limitações legais. "Entendo que pela vigilância da sociedade e da imprensa, não vai ser possível fazer operação abafa".Segundo ele, a CPI deve investigar a crise no setor aéreo de forma ampla, o que envolve controladores de vôo, gerenciamento, contratos no aeroportos, denúncias de superfaturamento de obras.O líder do PT, deputado Luiz Sérgio (RJ), autor do requerimento que questionou a criação da CPI e atrasou sua instalação, disse que seu partido terá uma postura no sentido de que a CPI faça as investigações de forma séria e não seja transformada em palanque político. Também faz questão de ocupar um cargo de destaque. "O PT não pode abrir mão da presidência ou da relatoria da comissão. Vamos reivindicar o direito que o eleitor nos deu nas urnas". O PT elegeu a segunda maior bancada da Câmara em outubro do ano passado.Para o presidente dos Democratas (antigo PFL), deputado Rodrigo Maia (RJ), a decisão do STF foi a favor do Brasil, da democracia e do respeito à Constituição. "Hoje, somos oposição (minoria), amanhã, serão eles. Vamos fazer a investigação que tem que ser feita. De forma nenhuma deixaremos de ter o foco principal na solução para o setor aéreo".O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), primeiro signatário do requerimento para criação da CPI, disse que a decisão do STF preserva o jogo democrático, dando direito às minorias de criar as CPIs. Segundo ele, essa investigação deve dar respostas à crise no setor aéreo. O parlamentar disse que está trabalhando para ser eleito presidente da comissão e argumentou: "Nas últimas oito CPIs da Câmara, coube ao autor do requerimento a presidência dos trabalhos". Após a decisão do STF pela instalação da CPI, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que assim que receber a comunicação oficial, mandará publicar o ato de instalação e dará prazo de 48 horas para os líderes partidários indicarem os integrantes.Ao retornar do STF, o líder dos Democratas, Onyx Lorenzoni(RS), agradeceu em plenário aos outros partidos de oposição, PSDB e PPS, que batalharam pela instalação da CPI e obstruíram os trabalhos da Câmara. "Foram 49 dias de luta pela CPI. Em alguns momentos, ficamos sós na obstrução, mas em muitos outros contamos com o PSDB e com o PPS".