Leia a íntegra do Café com o Presidente

23/04/2007 - 6h37

Agência Brasil

Brasília - Apresentador: Olá,você, em todo o Brasil. Começa o Café com oPresidente, o programa de rádio do presidente Lula. Eu souLuiz Fara Monteiro. Bom dia, presidente.Presidente: Bom dia,Luiz.Apresentador:Presidente, com os aliados o senhor já fez a composiçãodo governo. Agora, o senhor conversa com a oposição. Jávisitou o senador Antônio Carlos Magalhães quando eleestava hospitalizado em São Paulo, já o recebeu noPalácio do Planalto. E, na última semana, o senhorconversou também com o presidente do PSDB, o senador TassoJereissati. O governo vai continuar conversando com a oposição?Presidente: Luiz,primeiro, é importante que os nossos ouvintes compreendam queo Brasil vive uma nova fase. Eu penso que as coisas estãomuito bem na área econômica. Acho que o Brasil vaicrescer de forma robusta em 2007, 2008, 2009 e 2010. A inflaçãoestá controlada. Nós lançamos o Programa deAceleração do Crescimento (PAC) que é para poderfazer o Brasil dar sustentabilidade ao seu crescimento. Fizemos osacordos com a base aliada e montamos o governo. E agora nóstemos que conversar com a oposição. E por que nóstemos que conversar com a oposição? Primeiro, porque euacho que nós precisamos dar exemplos de uma pátriacivilizada, em que o presidente da República tem que ser umaespécie de magistrado e ele não pode ficar apenasgovernando com os seus, sem lembrar que é sempre importante agente ouvir aqueles que pensam diferentemente de nós. Eu estouconvencido de que quando o presidente da República nãotem mais no seu horizonte a disputa presidencial, fica muito maisfácil, fica muito mais leve a gente governar o país.Por que? Porque eu não tenho mais o que disputar em 2010. Eutenho apenas que deixar o Brasil em 2010 infinitamente melhor do queo Brasil que eu recebi. Isso é que me dá liberdade deprocurar todos os setores da sociedade para conversar. E vouconversar muito mais daqui para a frente. Veja, não havia por quenão conversar com o Tasso Jereissati, de quem eu sempre tiveuma boa relação, que ficou truncada no primeiromandato. Coube a mim, como presidente da República, chamar oTasso para uma conversa.Apresentador: Foiprodutiva essa conversa?Presidente: Sim, foimuito produtiva. Veja, quando eu converso com o Tasso, converso com o senadorAntônio Carlos Magalhães, eu converso com eles sabendoque eles são oposição, sabendo o que elespensam, sabendo qual é a definição do partidodeles, que pode ter candidato em 2010. Mas eu não tenho quepensar em eleição em 2010. Eu tenho que pensar emcuidar deste país como se estivesse cuidando do meu filho, ouseja, eu tenho que cuidar porque o Brasil precisa ser cuidado commuito carinho. Nós precisamos fazer o Brasil dar um salto dequalidade, nós precisamos fazer o Brasil melhorar as coisaspara o seu povo. E esse compromisso eu quero partilhar com eles também.Então, Luiz, nós vamos conversar e vamos conversar com mais gente, ouseja, eu penso que o Brasil está com a sua democraciaconsolidada. As instituições estão funcionandomuito bem, os partidos políticos precisam funcionar cada vezmelhor. Há uma questão de credibilidade políticano país que é preciso que todos trabalhemos parareconquistar a credibilidade política nas instituições,sobretudo nos partidos políticos. E eu quero dar a minhacontribuição. Apresentador: Esse éo Café com o Presidente, o programa de rádio dopresidente Lula. E como é que o senhor vê esse debatetodo em relação à reeleição, nestemomento, presidente?Presidente: Eu acreditoque a tese da reeleição ela tem que estar ligada àreforma político-partidária. É preciso que ospartidos políticos assumam a responsabilidade de fazer areforma política no Brasil. E dentro da reforma política,Luiz, vai entrar a questão da reeleição. Todomundo sabe o que eu pensava em 2006. Eu sempre fui contra areeleição. Acontece que tem o instituto da reeleição,e eu sou um presidente reeleito, portanto, eu não possa agoradar palpite na reforma política no que diz respeito àreeleição. Não me peçam opiniãoque eu não vou dar. Esse é um problema dos partidospolíticos, é um problema do Congresso Nacional. Então, euquero que os partidos resolvam isso, que aqueles que sãocandidatos em 2010 resolvam isso. E eu estarei torcendo para que oBrasil aprove o que for melhor para o povo brasileiro.Apresentador: O senhorse aproximou bastante, por exemplo, do governador do Rio de Janeiro,Sérgio Cabral, e tem recebido também o governador JoséSerra, de São Paulo. Que leitura pode ser feita desse diálogo?Presidente: A leiturade que o Brasil é um país civilizado. Eu sei que temgovernadores que pertencem a partidos de oposição,mas na hora de discutir a questão administrativa nãoexiste oposição e situação. O que existe,na verdade, são interesses de milhões de brasileiros ebrasileiras que nós precisamos cuidar conjuntamente.Apresentador: Mas, mesmocom o diálogo, não significa que a luta políticatenha acabado...Presidente: Não,a luta política não vai acabar nunca. O que éimportante é que a gente consiga fazer uma separação,o que é a luta política e o que é a necessidadedo país. Eu, por exemplo, acho que os projetos que nósmandamos do PAC, agora os projetos que nós vamos mandar daeducação, mais logo, logo, mandar projeto de saúde,depois, mandar projeto de segurança pública - todos sãoprojetos de interesse de 190 milhões de brasileiros. Nãoé nenhum projeto de interesse pessoal do presidente daRepública. E, nesse aspecto, é que eu acho que possocontar com o Congresso Nacional. Vai ter o debate político,discursos mais fervorosos, mas na hora de votar as pessoas vãoter que escolher entre melhorar o Brasil ou piorar o Brasil.Certamente, todo mundo quer melhorar o Brasil.Apresentador: OK,presidente. Obrigado e até semana que vem.Presidente: Obrigado avocê, Luiz. E até a próxima semana.Apresentador: A gentevolta segunda-feira com mais uma edição do Cafécom o Presidente. Acesse o programa também na internet emwww.radiobras.gov.br .