Sem-teto que ocupam imóvel querem permanecer na região central de São Paulo

13/04/2007 - 15h11

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São paulo - Permanecer na região central da cidade de São Paulo é o desejo das centenas de famílias de sem-teto que há mais de quatro anos ocuparam o edifício Prestes Maia, na região do Bairro da Luz. A possibilidade foi sinalizada ontem (12) com a assinatura de um termo de cooperação técnica entre os governos federal, estadual e municipal, que prevê R$ 20 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para financiar moradias de famílias de sem-teto.De acordo com a coordenadora- geral do Movimento dos Sem-teto do Centro (MSTC), Ivaneti de Araújo, responsável pela organização do Prestes Maia, parte da verba deverá financiar a compra de apartamentos em endereços não muito distantes do edifício invadido. O prédio estava abandonado até novembro de 2002, quando as famílias decidiram ocupar o imóvel mesmo diante das precárias condições: sem elevador e com instalações deterioradas. A chance de o movimento negociar a compra do Prestes Maia foi descartada por Ivaneti. Segundo ela, o proprietário deve mais de R$ 5 milhões só em impostos municipais.Ivaneti classificou como “uma conquista vitoriosa” o fato de as três esferas governamentais terem fechado um acordo para “uma causa social”. Ela destacou que “foi um grande salto de qualidade”, referindo-se tanto às discussões realizadas na última quarta-feira 11), em Brasília, como o encontro de ontem (12), no gabinete do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com o ministro das Cidades, Márcio Fortes, e o secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl, onde foi protocolado o termo de cooperação técnica.  Embora tenha considerado um avanço do movimento, a líder dos sem-teto observou que continua diante de “uma dor de cabeça”, como definiu a pressão exercida pelo proprietário do edifício para que as famílias saiam do local. Há uma ordem judicial dando prazo até domingo, dia 15, para desocupação do imóvel. “Mas esperamos que ainda hoje (13) a Justiça atenda a nossa solicitação para que tenhamos mais tempo até concretizar as negociações, já em andamento, para as moradias”. Ivaneti informou que no final da tarde de hoje (13) haverá uma reuniãocom as famílias para definir que tipo de opção elas vão aderir. Se adecisão for continuar na região central, poderão receber umabolsa-aluguel por seis meses, enquanto aguardarão a compra de prédiosdestinados a eles. Há ainda a opção de uma carta de crédito para aescolha de moradias ou ainda a possibilidade de compra de alguma dasunidades habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional eUrbano (CDHU).