Desigualdade no Brasil caiu mais de 4% entre 2001 e 2005, diz estudo do Ipea

13/04/2007 - 20h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Entre os anos de 2001 e 2005, a desigualdade no Brasil chegou a cair 4,6%, um resultado obtido por apenas um quarto dos países em todo o mundo. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou hoje (13) o livro “Desigualdade de Renda no Brasil: uma análise da queda recente”, com os principais avanços obtidos pelo país nestes últimos cinco anos.Na avaliação do economista do instituto Gabriel Ulyssea, neste período, o país conseguiu avançar muito e de uma forma trivial que não é fácil de ser alcançada.Reunindo visões distintas do problema da desigualdade no país, o estudo constata que, a partir de 2001, a desigualdade no Brasil começou a declinar de “forma acentuada e contínua”.O coeficiente de Gini, um dos índices de desigualdade mais utilizadas no mundo, caiu 4,6%, ao passar de 0,594, em 2001, para 0,566, em 2005. Quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.Para Ulyssea, três fatores contribuíram para a redução: a educação, o melhor funcionamento do mercado de trabalho e os programas de transferência de renda adotados pelo governo.“Os trabalhadores estão mais iguais em relação aos anos de estudo com que eles chegam ao mercado de trabalho. Quer dizer, a expansão da educação - não só em termos de anos de estudo e de vagas, mas também da qualidade do ensino - é um fator crucial para explicar o que houve”.O economista diz que, nos últimos cinco anos, o mercado de trabalho passou a gerar menos desigualdade de salários que em outros períodos da história brasileira. Ele ressalta que trabalhadores de pequenos municípios do interior e das grandes capitais também se aproximaram em termos de rendimento. O mesmo ocorreu com os trabalhadores de áreas rurais e urbanas, que também se aproximaram em termos de rendimento. “Isso só foi possível porque o mercado de trabalho está funcionando melhor”.Em relação aos programas de transferência de renda do governo federal, ele destacou o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).“É bom ressaltar que o Bolsa Família, além de ter um impacto direto sobre a pobreza e a redução de desigualdade, porque transfere renda para as pessoas muito pobres, exerce também um impacto de médio prazo muito positivo, porque exige das famílias beneficiadas que seus filhos freqüentem a escola”.