Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Brasil avançou no combate aos crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro, mas ainda necessita de uma legislação mais específica para reaver de forma mais rápida os bens e valores que estão nas mãos dos criminosos. A afirmação é do advogado Otto Eduardo Lobo, representante brasileiro da Câmara Internacional de Comércio, rede internacional de advogados especializados em fraudes financeiras. Segundo Lobo, o grande avanço do Brasil foi a criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em 1998. Entretanto, disse ele, o país ainda precisa de tratados de lei mais atualizados, para facilitar, por exemplo, a repatriação de dinheiro que tenha sido enviado de forma ilegal para fora do país.“Existem pessoas fazendo um trabalho muito bom no Estado, mas ainda é um pouco difícil o Estado brasileiro recuperar valores", disse o advogado. Para ele, o país precisa de ter tratados específicos que facilitem a repatriação desses valores e que isso seja feito de forma mais rápida. "Os tratados que temos são antigos. Não se tem a agilidade necessária para combater esse crime [financeiro], que é muito sofisticado e envolve operações muito velozes de mercado financeiro e transferência de dinheiro”. Otto Lobo ressaltou que, apesar da legislação desatualizada, o Brasil tem conseguido reaver pelo menos parte dos bens em alguns casos, como o do chamado "propinoduto" (de corrupção na Secretaria Estadual de Fazenda do Rio de Janeiro), do juiz Nicolau dos Santos Neto (de desvio de verbas na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo) e da advogada Jorgina de Freitas (de desvio de verbas da Previdência Social).Uma investigação da Polícia Federal levou hoje (13) à prisão de 24 pessoas envolvidas com o crime de lavagem de dinheiro, em dois estados. Entre os presos estão três desembargadores, um procurador regional da República e dois delegados federais.