Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - A tradição de comer peixe na Semana Santa, além de saudável, estimula um importante setor produtivo do país: o da pesca. Com produção superior a um milhão de toneladas anuais, segundo dados da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), o setor é responsável por mais de R$ 5 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) e gera cerca de 3,5 milhões de empregos em toda cadeia produtiva.Segundo o ministro da Seap, Altenor Gregolin, na Semana Santa o consumo de pescado aumenta cerca de 30%. Mesmo assim, a média do consumo de peixe per capita por ano em torno de 7 quilos por habitante está bem abaixo dos 12 quilos por ano recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e também muito inferior à média mundial, em torno de 16 quilos por pessoa, por ano.Na avaliação do ministro, dois fatores explicam o baixo consumo: a questão cultural e o preço. “Várias regiões do país não têm o hábito de consumo de pescado, a não ser na Semana Santa. Como, por exemplo, o Rio Grande do Sul, cujo consumo é de 4 quilos por habitante, por ano, enquanto no Amazonas são 36 quilos por pessoa, por ano. Por outro lado, tem o fator preço”.“Temos uma cadeia produtiva segmentada, que provoca uma distância muito grande do pescador ao consumidor. Temos uma intermediação muito grande. Estamos trabalhando para reduzir esse processo de intermediação para que tenhamos, na mesa do consumidor um pescado de qualidade e com o menor preço”, explicou Gregolin em entrevista à Agência Brasil.Para tentar reduzir a distância entre produtor e consumidor, e dessa forma estimular o crescimento do consumo de peixe no país, a Seap, de acordo com o ministro, tem desenvolvido parcerias com as grandes redes de supermercados, investido na implantação e modernização de mercados do peixe nas principais capitais do país, além da realizar campanhas que mostrem as vantagens para a saúde do consumo de peixes. “É importante fortalecer o mercado interno, ampliar o consumo. E para isso temos as políticas da Semana do Peixe, durante a Semana Santa; no mês de setembro, temos o programa das Feiras do Peixe, em que são distribuídas tendas para que o pescador organize a feira, todos os dias, em qualquer ponto da cidade e estabeleça a relação direta de venda do produtor para o consumidor”.De acordo com Gregolin, o país vem recuperando a produtividade nos últimos anos: "Em 2003, foram pescadas 712 mil toneladas, e em 2005 esse número subiu para 751 mil toneladas”.“Retomamos uma curva de crescimento da pesca no Brasil, fundamentalmente pela recuperação de estoques na costa marítima. Cito o caso da sardinha nas Regiões Sudeste e Sul e a pesca em profundidade de atuns e afins. Temos estimulado programas como o Profrota – de construção e modernização de embarcações –, que tem ajudado a estruturar a frota pesqueira nacional, que também tem impulsionado o desenvolvimento da pesca no país”, disse o ministro.Ainda segundo Gregolin, a aqüicultura, outro segmento da pesca, também tem obtido bons resultados nos últimos anos. “A aqüicultura – o cultivo em cativeiro – vem crescendo na ordem de 20% ao ano. É a área que mais tem se desenvolvido, a que tem tido crescimento bastante grande e é onde também o Brasil tem mais potencial”, afirmou.