Ministério da Saúde planeja campanha por alimentação saudável com pratos tradicionais

04/04/2007 - 9h19

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério da Saúde pretende intensificar, nos próximos meses, campanhas de valorização da boa alimentação, visando aumentar  o consumo de frutas, verduras e legumes e da tradicional mistura de feijão com arroz entre os brasileiros. A informação foi dada pela assessora técnica da Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição do ministério, Mariana Pinheiro.Ela avaliou que a campanha pelo aumento do consumo do pão no país, promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), é positiva, uma vez que os pães integram o grupo de alimentos ricos em carboidratos. Mas alertou que o pão não pode ser a principal base da alimentação da população, que deve optar pela variedade de alimentos. A campanha da ABIP utiliza a figura da ginasta Daniele Hypólito para ampliar o consumo de pão no país dos atuais 33 quilos per capita ao ano para 37 quilos nos próximos dois anos, vinculando a atleta à questão da energia e da saúde.A nutricionista Mariana Pinheiro analisou que a população tem esquecido  o valor dos alimentos tradicionais, cujo consumo precisa ser elevado. Ela frisou que o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, valoriza os alimentos regionais. Ele recomenda a ingestão de seis porções diárias de alimentos do grupo dos cereais, raízes e tubérculos (arroz, pães, massas, batata, pães e mandioca) e uma porção do grupo dos feijões, que inclui além dos feijões, as leguminosas, como ervilhas, lentilhas, grão de bico etc. Com a intensificação das campanhas daqui para a frente, "a proposta do ministério  é que elas sejam consolidadas, para que haja valorização desses alimentos e a população aumente o consumo deles", disse Mariana Pinheiro.Ela lembrou que a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), publicada no ano passado, mostra a inadequação do grupo das frutas e verduras. E, com relação ao prato típico do brasileiro, o feijão com arroz, aponta que uma substituição por outros tipos de refeições, ricas em gordura e sal, como os alimentos processados e semi-preparados para o consumo. Pratos congelados também tiveram o consumo aumentado de forma significativa no país nos últimos anos.A assessora técnica do Ministério da Saúde constatou que apesar de ter ocorrido no Brasil um aumento do poder aquisitivo do trabalhador brasileiro e, em conseqüência, do consumo, houve uma desvalorização dos alimentos bons para a saúde sob a ótica nutricional. Isso ocorreu de forma independente da classe econômica. Ou seja, o aumento do poder aquisitivo não reverteu em melhoria da alimentação tradicional. "Durante muito tempo, a idéia  da alimentação saudável esteve associada à questão da classe econômica e, hoje em dia, as pesquisas já indicam que não existe uma relação entre uma melhor alimentação e um melhor estado socioeconômico.”