Pesquisa confirma violência freqüente contra gays, lésbicas e travestis

01/04/2007 - 18h33

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 70% doshomossexuais, bissexuais e pessoas trans (travestis e transexuais)entrevistados na pesquisa Sexualidade, Cidadania e Homofobiarelataram ter sido vítimas de discriminaçãodevido à orientação sexual. Desse total, 59%afirmaram ter sofrido uma ou mais agressões ao longo de toda avida.A pesquisa foirealizada pela Associação da Parada do Orgulho GLBT deSão Paulo (a sigla GLBT designa gays, lésbicas,bissexuais e transexuais) e divulgada na última segunda-feira,em um seminário promovido pela Secretaria Especial de DireitosHumanos (SEDH), em Brasília. A última ediçãodo evento, realizada na Avenida Paulista no ano passado, reuniu maisde 3 milhões de pessoas, das quais 846 foram entrevistadas. Segundo uma daspesquisadoras, a antropóloga Regina Facchini,o ambiente doestudo permite uma análise ainda mais assustadora. "Seobservada a dimensão dos dados teríamos mais de 1milhão de casos de agressão, dos quais quase 300 milseriam somente de violência física", destaca.Foram vítimasde agressões verbais ou ameaças 55% dos gays, lésbicasbissexuais e transsexuais entrevistados. Outros 15% contam quesofreram violência física, 11% foram chantageados ouextorquidos e ainda 6% abusados sexualmente. Quase metade (48%)dos agressores são pessoas desconhecidas, que praticaram aviolência em locais públicos. Dentro de casa – oambiente a aparecer como o segundo no índice de violência– os GLBTs afirmam ter sido atacados pelos própriosparentes. Eles ficam em segundo lugar entre os maiores agressores(12%).A discriminaçãodevido à sexualidade, de acordo com a pesquisa, aconteceu,principalmente, em ambientes divididos com amigos ou vizinhos (32%),nas escolas ou nas faculdades (29%) e, mais uma vez, no ambientefamiliar (26%). Entre os GLBTs, o grupo trans (travestis etransexuais) foi o que mais sofreu preconceito.Os atos dediscriminação têm em comum "o fato deocorrer em esferas de sociabilidade que colocam em cena pessoasíntimas, como os familiares, e com as quais a interaçãoé menos próxima, porém cotidiana",afirmaram, em nota, os pesquisadores.