CNI pede medidas que elevem cotação do dólar

01/04/2007 - 16h42

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O dólar encerrou o mês de marçocom queda de 2,83% e chegando bem próximo dos R$ 2,00. Nestasexta-feira, a moeda norte-americana ficou em R$ 2,061, depois de, umdia antes, ter atingido o seu menor valor desde março de 2001,a R$ 2,04. A ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI) reagiu cobrando do governo medidas que pressionem a moedanorte-americana para cima. "A taxa de câmbio atualpenaliza o setor exportador. Mais do que isso, torna as importaçõesmuito baratas, afetando parte da produção nacional",disse Armando Monteiro Neto, presidente da CNI. A sugestão do empresárioe deputado federal é que o Comitê de PolíticaMonetária (Copom) do Banco Central acelere o ritmo de reduçãoda taxa básica de juros, a Selic. A Selic elevada émais um atrativo para a entrada de dólares no país.Já o diretor-executivo de finançasda Associação Nacional dos Executivos de Finanças(Anefac), Roberto Vertamatti, avalia que a moeda local tem sevalorizado por causa das condições favoráveis daeconomia brasileira. "O que está acontecendo hoje éreflexo da própria exportação, dos investimentosfeitos no país. Tem entrado muito dólar no Brasil. Tudoisso é reflexo do desempenho da própria economia",diz.Vertamatti lembra que vários produtosexportados pelo Brasil ganharam valor em dólar, como o álcool,o açúcar e o ferro. "É claro que temosalguns setores quese prejudicam com a valorização doreal, como os têxteis e os calçados, que perderam valorcomo dólar. Mas no todo, o dólar menos valorizado éconseqüência dos bons indicadores da economia do país",diz.Preocupante, para o analista, é o fato deas empresas não estarem aproveitando o cambio baixo paracomprar máquinas. Dólar mais barato favorece,especialmente, quem precisa ampliar seus negócios, o que, paraele, não está acontecendo.A importação de bens de capitalcresceu 25,6% nos primeiros dois meses de 2007, na comparaçãocom 2006, segundo dados do ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior. Para Vertamatti, poderiacrescer mais. "Deveríamos estar mais aquecidos",opina. No seu entender, o interesse do setor produtivo por adquirirnovos equipamentos é conseqüência de um baixocrescimento econômico do país. Quando há aumentonas compras dos bens de capital (máquinas e equipamentos)significa a intenção das industrias nacionais de seexpandirem, empolgadas com a economia.Para o executivo, embora a nova revisão decrescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezasproduzidas no país) coloque o Brasil em melhor situação,com crescimento de 3,7% em 2006 e perspectiva de 4% este ano, oBrasil deveria acelerar o processo. "O patamar atual ainda émuito baixo se comparado a nossos principais concorrentes emergentes,que são a China e a Índia", diz, lembrando que ocrescimento nesses países está entre 8% e 10% ao ano.