Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) no Brasil, Renato Baumann, acha que comparar o crescimento econômico do Brasil (2,9%) com o do Haiti (2,5%) é o mesmo que comparar “laranja com abacaxi”.O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou hoje (28) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,9% no ano passado, menos da metade da média dos países em desenvolvimento, inferior aos demais membros do Mercosul e superior apenas à de nações pequenas e pobres, como o Haiti – segundo dados da Cepal.No caso da Argentina (8,5%), Baumann reconhece a opinião de analistas de que o crescimento já é mais do que uma recuperação estatística da recessão de 2000 a 2002. Mas vê peculiaridades. “Não está resolvida a questão dos credores internacionais, há controle de preços e uma série de condicionantes”.O mesmo, segundo ele, ocorre na Venezuela (10%), onde há um crescimento “fortemente influenciado” por uma conjuntura favorável no mercado internacional de petróleo. “Essas coisas não podem ser esquecidas”.O especialista admite que os crescimentos do Uruguai (7,3%) e Paraguai (4%) são de fato superiores ao do Brasil.Para Baumann, comparar o PIB brasileiro ao dos demais países da América Latina e Caribe é diferente de fazê-lo em relação a outras nações em desenvolvimento do mundo.No âmbito continental, diz ele, existe mais uma proximidade geográfica do que propriamente semelhanças de estrutura produtiva, dimensão de mercado etc. “Com honrosa exceção do México e, até certo ponto, da Argentina e Colômbia”.Na comparação com Rússia, Índia e China, ele vê semelhança no grau de industrialização e, em especial, na dimensão do mercado interno. “São coisas distintas”. A Cepal é um órgão das Nações Unidas. Baumann acha errado fazer uma simples comparação dos dados apresentados pela Cepal. “É uma leitura que a imprensa e alguns congressistas têm feito com relação a um simples enunciado de como foi a região. Aconteceu em 2005 e novamente em 2006”.Para ele, toda comparação internacional é vulnerável nesse sentido, tanto que os sócios do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) estão fazendo esforços para homogeneizar estatísticas de índice de preço, registro de capital estrangeiro, dívida pública.“Não era possível adotar metas convergentes porque cada país usava critérios diferentes. Era uma cesta de frutas variadas”, definiu Baumann.