Economista brasileiro indicado ao FMI é crítico do pensamento ortodoxo

24/02/2007 - 13h22

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O novo indicado brasileiro para representar o país junto ao Fundo Monetário Internacional, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. é um crítico histórico do papel do fundo e, nos últimos tempos, tem contestado pontos da política econômica praticada pelo atual governo. A indicação de Batista Jr. foi confirmada, na sexta-feira (23), pelo Ministério da Fazenda.Nascido no Rio de Janeiro, em 1955, Batista Jr. é economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesma instituição em que lecionava o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega. No governo Sarney, assessorou o Ministério do Planejamento durante a gestão de João Sayad, e o Ministério da Fazenda durante a gestão de Dílson Funaro - exatamente no período em que o país anunciou a moratória de sua dívida externa, em 1987.Batista Jr. publica regularmente na imprensa artigos com avaliações sobre a política econômica brasileira. Recentemente, por exemplo, ele escreveu que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) marca uma "mudança" na orientação da política econômica, porque apresenta um Estado menos "passivo" diante das tarefas de planejar, investir e de induzir investimentos privados.No ano passado, ele criticou a estratégia brasileira de trocar títulos da dívida externa por da dívida interna, por causa dos custos da operação para o país. O economista também contestou, em vários artigos, a velocidade com que o Banco Central vem diminuindo a taxa básica de juros do país, a Selic.Batista Jr. é autor de livros como "O Brasil e a economia internacional: recuperação e defesa da autonomia nacional", (Campus, 2005), "A economia como ela é..." (Boitempo, 2000), "Mito e realidade na dívida externa brasileira" e "Da crise internacional à moratória brasileira" (ambos pela Paz e Terra, em 1983 e 1988, respectivamente) O professor da FGV substituirá como diretor executivo do FMI indicado pelo Brasil o economista Eduardo Loyo, que ocupou o posto nos últimos dois anos. Para ser oficializado diretor, o indicado ainda terá que obter a concordância de outros oito países que integram a circunscrição da qual faz parte o Brasil. São eles: Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago.  Caso haja anuência, a substituição deverá ocorrer logo depois das reuniões que o FMI realizará, em Washington, nos Estados Unidos, em meados de abril, segundo informou nota divulgada hoje pelo Ministério da Fazenda.