Indefinição sobre mudanças no primeiro escalão do governo afasta investimento privado no PAC, diz empresário

23/02/2007 - 9h27

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), PauloSafady Simão, afirmou nessa quinta-feira que a indefinição sobre as mudanças naequipe de governo no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silvaafasta os investimentos privados em obras previstas no Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC). Anunciado há um mês, o PAC prevê investimentos de R$503,9 bilhões em infra-estrutura até 2010.“O presidente ainda não formou sua equipe. Isso na minha visão atrapalhamuito o andamento do PAC porque, no momento em que você não tem ministrosgarantidos ou confirmados, há uma expectativa muito grande e, claro, ninguémestá se emprenhando como devia na questão do PAC”, disse ele.De acordo com Simão, só a iniciativa privada deve investir cerca de R$ 200bilhões no programa. Segundo ele, a “demora” na composição da equipeministerial também pode resultar em atrasos nos investimentos privados e acabarcomprometendo as metas do PAC. “Enquanto o ambiente de negócio não estiver 100%favorável, vai ser muito difícil que esses recursos venham na velocidadenecessária”.O presidente da Cbic, entidade que reúne a 66 sindicatos e associaçõespatronais do setor da construção, também manifestou preocupação com a demora natramitação das medidas do PAC no Congresso Nacional. O programa envolve quatroprojetos de lei, uma mensagem do Executivo e oito medidas provisórias.Ontem (22), presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciouo nome dos relatores das propostas, que receberam centenas de emendas. Para Simão,a matéria precisa ser discutida profundamente.“É importante que essas emendas comecem imediatamente a ser analisadas parao processo andar com mais agilidade e a gente ter o PAC começando a funcionar”,afirmou. Ele destacou que o setor da construção “continua animado” com oprograma, sobretudo com os investimentos previstos para as áreas de habitação esaneamento.“Esse é um processo que alavanca o desenvolvimento”,disse Simão. “Claro que não é tudo, entendemos que esse é um plano de obrasmuito bem organizado, muito criteriosos, que poderá ter início enquanto ogoverno trata das questões mais profundas, das reformas estruturantes, dasquestões que realmente vão pavimentar o caminho de um crescimento maissustentável”.