Agressões a homossexuais podem esconder políticas nazistas, avalia coordenador

17/02/2007 - 12h52

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O comando da Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro novo encontro, no início de março, com os dirigentes do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual. O objetivo é estabelecer um policiamento permanente, que funcione durante todo o ano em defesa dos gays, lésbicas e simpatizantes, e não apenas no carnaval, segundo o coordenador político do Grupo Arco-Íris, Cláudio Nascimento. Hoje (17), os ativistas do grupo realizarão ato público contra a homofobia e pela paz, na Praia de Ipanema, zona sul da cidade.  O policiamento foi reforçado no local por determinação do coronel Carlos Eduardo Milan, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar. Durante reunião com o comando dos policiais militares e os dirigentes do Grupo Arco-Íris, o secretário de Segurança do estado, José Mariano Beltrame recomendou que sejam registradas nas delegacias da Polícia Civil as agressões ou perseguições de que os integrantes do grupo sejam vítimas. Somente assim, disse, a polícia poderá atuar para coibir a violência contra os homossexuais.O ato público tem por objetivo chamar a atenção da sociedade fluminense para reagir contra a violência e a homofobia, promovendo o respeito à vida e à diversidade humana. A movimento foi motivada por denúncias de agressões que estariam sendo praticadas contra a comunidade gay por membros de um grupo de Ipanema autointitulado Farmeganistão, em referência à rua Farme de Amoedo, que concentra bares freqüentados pela comunidade. Cláudio Nascimento reivindicou que as delegacias de polícia sejam estruturadas para atender os homossexuais de forma adequada, sem que se sintam alvo de preconceito ou discriminação. Ele alertou que o grupo Farmeganistão "ultrapassa a definição de jovens baderneiros que não têm o que fazer e aí vão atacar gays, como algumas autoridades têm falado". E disse ser necessária "uma análise mais profunda da área de segurança, porque para várias entidades de defesa dos direitos humanos, isso tem uma ramificação que pode chegar, inclusive, a grupos neonazistas”. Segundo o coordenador do Grupo Arco-Íris, os rapazes que agridem os gays freqüentadores da praia e dos bares da Farme de Amoedo podem ser os executores de uma política homofóbica. “A maneira como eles falam de limpar Ipanema dos gays para retornar aos bons costumes e várias mensagens na Internet fazem alusão ao eugenismo, racismo, à política totalitária, que são uma orientação nazi-fascista”, mencionou.Durante o carnaval, a polícia reforçará os contingentes, inicialmente, em 40 áreas para coibir a violência, conforme ficou acertado na reunião com os diregentes do Arco-Íris. Na avaliação de Nascimento, no entanto, a medida é paliativa: "É preciso uma política mais consistente, permanente, que seja aplicada o ano inteiro”.