Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao participar da cerimônia de inauguração da nova Central deAtendimento da Atento (prestadora de serviços de atendimento do relacionamentoentre as empresas e seus clientes), em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lulada Silva voltou a falar de sua angústia com a morte brutal do menino João HélioVieites, no Rio de Janeiro. O presidente reafirmou que em acontecimentos como esse asociedade e o Estado não podem agir “com vingança” e permitir que a emoção prevaleçasobre a razão na hora de punir. O Estado, segundo Lula, precisa ser racional emmomentos de dificuldades para criar mecanismos sólidos e evitar que episódiossemelhantes voltem a acontecer.O presidente Lula admitiu que muitas vezes episódios brutaisacontecem em função dos erros cometidos pelo próprio Estado, que deixa decumprir com as funções de dar à juventude a atenção necessária para mudar ofuturo de uma nação. O presidente lembrou que fazem pelo menos duas décadas quea economia brasileira não cresce o suficiente para gerar empregos e fazer umadistribuição de renda mais justa. “Então eu fico me perguntando se seria justo punir apenasquem cometeu a barbaridade e se esquecer de fazer a punição a quem é o culpadopor esses jovens terem chegado a essa situação. Porque são milhões de jovensque moram mal, que foram desestimulados a parar de estudar, que não têmperspectiva de emprego. Então eu fico imaginando que se a gente aceitar adiminuição da idade para puni-los, para 16 anos, amanhã estarão pedindo para15, depois para 9, e quem sabe algum dia queiram punir até o feto, se jásoubermos o que vai acontecer no mundo”, disse.Depois do assassinato do menor João Hélio, que estava envolvidoum menor, o Congresso Nacional iniciou debate sobre a redução da maioridadepenal, estabelecida hoje em 18 anos pela Constituição Federal. Ao falar das oportunidades de o Brasil se tornar um paísmelhor, Lula lembrou que muitos dos jovens que hoje estão presos, na época domilagre brasileiro não tinham sequer nascido. “Eles são, na verdade, o resultadode um momento longo de quase 25 anos em que o Estado brasileiro não cumpriu comas suas funções para com a grande parte do seu povo”. E reiterou que o Brasilnão é feito apenas de coisas ruins. “O Brasil tem muitas coisas extraordináriase precisamos mostrá-las para que sirvam de incentivo às pessoasdesesperançadas”, afirmou.