Brasil estava mesmo pagando pouco pelo gás boliviano, demonstra especialista

15/02/2007 - 18h40

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O contrato de importação de gás natural que está em vigor envolvendo a Petrobras e a Bolívia acarretaria em ganho de causa em qualquer disputajudicial nos tribunais do mundo, mas, não há como negar que a Petrobras estava pagando à Bolívia um valorabaixo do mercado pelo produto, na avaliação do pesquisador Giuseppe Bacocolli.Especialista em energia e pesquisador do Programa dePlanejamento Energético da Coordenaria dos Programas de Pós GraduaçãodeEngenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ,Bacoccoli explica que o preço justo a ser pago pelo importação doproduto estaria próximo aos US$ 5 por milhão de BTUs (unidade térmicabritânica, queserve de referencia para medir o produto). Atualmente, a Petrobras pagapelomilhão de BTUs cerca de US$ 4.“É claro que a Petrobras estácerta do ponto de vista jurídico. Agora, é preciso também reconhecer que osbolivianos estão recebendo um valor abaixo do valor que é pago pelo mercadointernacional pelo produto que importava”, diz ele. Segundo o pesquisador, ummilhão de BTUs equivalem a 28 metros cúbicos de um produto que é predominantementegás metano. Esse produto chega a São Paulo, por exemplo, custando à Petrobras a R$ 12 – oequivalente a R$ 0,42 por metro cúbico.O especialista lembraque, no país, o Gás Natural Veicular (GNV) - mais barato, em comparaçãocom o que é pago pela indústria e as termelétricas pelo gás - écomercializado nas bombas a um preço médio de R$ 1,20 o metro cúbico -cerca de três vezes mais do que se paga aos bolivianos pela mesmaquantidade.“Nós estamos pagando aosbolivianos menos de R$ 0,40 pelo gás importado e vendendo na bombaa um preço médio de R$ 1,20. E isto na bomba, porque para a indústria e nasresidências ele é vendido a um preço ainda maior", diz ele. "Parece aquela históriaenvolvendo os produtos agrícolas: você paga uma mixaria ao produtor, otransportador recebe uma taxa mais ou menos fixa, e o vendedor final fica com olucro todo.”