Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse em entrevista hoje (15) que os acordos sobre o gás, firmados pelo Brasil com a Bolívia durante a visita do presidente Evo Morales a Brasília, foram "uma boa saída para uma boa convivência com o país e para o estabelecimento de negócios de longo prazo"."O Brasil pode até criar condições de não depender mais do gás boliviano, mas isso não quer dizer que não deva poder contar com ele, que é mais barato do que o encontrado no mercado", argumentou o chanceler.A Petrobras, de acordo com ele, ficou numa posição privilegiada para fazer investimentos e desenvolver seus projetos na Bolívia. "Não se trata de um negócio de um ganhar e o outro perder, como num jogo Fla-Flu. Mas foi necessário que se fizesse um acordo bom também para eles."Celso Amorim afirmou que o governo nunca foi "irreedutível" quanto a qualquer negociação. "Tudo teve um fundo político", reconheceu. "Sempre haverá o que ajustar, mas caminhamos para um clima favorável em torno de um entendimento de longo prazo."Pelos acordos firmados entre os governos brasileiro e boliviano hoje (15), o gás boliviano importado pela Usina Termelétrica Governador Mário Covas, em Cuiabá, ficará quase de 300% mais caro.Com o repasse do ajuste para distribuidoras ligadas a usina, o Ministério de Minas e Energia prevê uma aumento de 0,2% para o consumidor final.Em outro acordo, houve reajuste no valor dos gases nobres que fazem parte da composição importada pela Petrobras. Oministro boliviano de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, estima que seupaís receberá cerca de US$ 100 milhões a mais por ano, um aumento decerca de 8% em relação ao que o Brasil importou no ano passado: US$1,26 bilhão.O ministro de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau, prevê reajuste de 3% a 4% - no máximo, US$ 50 milhões.