Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aos 41 anos, Maria Aparecida de Faria Lima está prestes a ser aposentada por invalidez. Ela já recebe os benefícios, mas ainda aguarda uma última perícia para ser considerada aposentada. O que tirou a brasiliense precocemente da vida profissional foram seus 11 anos de serviços em uma agência da Caixa Econômica Federal."Eu trabalhava uma média de 8 a 9 horas por dia em cadeiras e bancadas sem apoio para colocar as mães e as pernas", conta. Há nove anos, em um exame periódico da empresa, a médica diagnosticou que ela havia desenvolvido Lesão por Esforço Repetitivo (LER). Atualmente, Aparecida já não consegue dirigir, e, mesmo após vários tratamentos, desencadeou diversas doenças ligadas à inflamação muscular.Aparecida é uma das vinte mil bancários já tiveram que pedir afastamento do trabalho por sofrer de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), segundo levantamento do sindicato da categoria. As doenças são resultado de horas de trabalhos seguidos, em posição inapropriada. Além de perder a capacidade de trabalhar, Maria Aparecida disse que ainda teve que enfrentar a desconfiança dos colegas de trabalho. “Eles achavam que eu fazia corpo mole, porque eu tinha que fazer hidroterapia e estava sempre bronzeada quando ia a agência. Eles pensavam que eu não estava afastada, mas tirando folga”.Ela lembra que mesmo após a médica ter identificado a LER como principal causa das dores que ela sentia, outros médicos peritos tentaram atestar que ela havia desenvolvido fibromialgia, doença que não é reconhecida como acidente de trabalho. "Eles queria mudar o nexo causal para que eu não tivesse cobertura do seguro. Hoje, com o decreto, eu acho que isso poderá ser evitado".Ele destaca ainda que os bancários que se sentirem prejudicados por não terem doenças ligadas ao trabalho reconhecidos pelo seguro devem procurar assistência sindical. “O atendimento jurídico oferecido pelos sindicatos têm que ser mais divulgados para que as pessoas não encontrem tantas dificuldades”.