Professor da Fiocruz diz que Programa de Biotecnologia "deixou a desejar"

13/02/2007 - 12h16

Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - O programa de biotecnologia lançado pelo governo federal na últimasemana deixou a desejar, principalmente na área de pesquisa básica. Aopinião é do professor Silvio Valle, coordenador do curso deBiossegurança da Fundação Oswaldo cruz (Fiocruz). De acordo com oprofessor, um dos problemas é a abrangência do programa e a falta dedefinição de prioridades.“O decreto vai de nanobiotecnologia à clonagem e ao biodiesel. Éenorme e não define claramente prioridades, atira para muitos lados”,disse Valle em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.A única contribuição positiva do programa citada pelo professor étrazer o tema para a sociedade e agregar todas as instâncias do governoem torno da mesma discussão.   Outro problema do programa, na opinão do professor, é a indefiniçãodos recursos públicos a serem investidos. Ele disse que quase não houvecriação de fontes para os recursos públicos e os já existentes não têmnenhuma garantia de que serão aplicados.O professor lembrou que o Brasil já conta com uma boa estrutura derecursos humanos e o decreto do governo determina que a iniciativaprivada contrate essa mão de obra especializada, como contrapartida aofinanciamento público que receber. Sergundo ele, no entanto, essaexigência  fica difícil de ser cumprida pela falta de interessedas empresas. Para ele há mecanismos mais simples como exigir, através depolíticas públicas, que as empresas que desenvolvem estudos com plantastransgênicas sejam também responsáveis por experiências de impactoambiental no Brasil. Valle acredita que isso poderá abrir vagas paraagrônomos, nutricionistas e uma série de outros profissionais. Nosentido da experimentação animal, Silvio Valle diz que o problema não éfalta de recursos, mas de segurança jurídica. “Não temos no Brasil umalei (federal) que regulamente o uso da experimentação animal. Isso geraentraves ao avanço do país na área e cria situações difíceis para asinstituições que realizam esses estudos". O professor citou como exemplo o fato de no ano passadopesquisadores da própria Fiocruz terem de reivindicar junto a políticosa revogação de uma lei municipal que proibia experimentos na cidade doRio deJaneiro.