Ana Júlia quer livrar Pará do título de campeão da violência no campo

13/02/2007 - 18h27

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Levantamentos realizados por entidades como a ComissãoPastoral da Terra e a Justiça Global deram ao Pará, nos últimos anos, o títulode campeão brasileiro dos conflitos de terra, das mortes e dos crimes impunesno campo. A nova governadora do estado, Ana Júlia Carepa (PT), declara agora que suameta é inverter essa situação. “Nosso objetivo é sair do título de campeão deviolência para ser campeão de direitos humanos”, disse ela à Agência Brasil.Ontem (12), a governadoraanunciou aos movimentos sociais do estado uma série de medidas destinadas areverter a situação de violência e a impunidade no campo.  “Os agentes de segurança pública nesteestado não mais atuarão no sentido de defender grileiros de terra contratrabalhadores rurais”, afirmou ela. “Os agentes de segurança pública, diferente do que era nogoverno anterior, que eles inclusive eram porta-vozes desses movimentos, dessesgrileiros, eles agora serão para defender a sociedade, no caso, ostrabalhadores rurais, contra essas tentativas de intimidação, contra esse crimede esbulho”, completou, em referência às acusações existentes no estado deque grileiros contariam, inclusive, com apoio da polícia, em várias regiões,para tomar as terras de posseiros. A governadora disse, ainda, que o combate à violência nocampo passará pela formulação e implantação de projetos de desenvolvimentorural sustentável, especialmente nas regiões de maior conflito. “A violência éfruto do acúmulo, ao longo dos anos, da concentração fundiária e especialmenteda ausência de um projeto de desenvolvimento sustentável que possa manter ohomem no campo com qualidade de vida”, afirmou. “Isso também já vai estarinfluenciando na paz no campo.” A discussão desses projetos, segundo a governadora, seráfeita em conjunto com os movimentos sociais do estado. Outra ação anunciada eque atende a reivindicações é a atuação conjunta do Instituto de Terras do Paráe da Secretaria de Segurança Pública do estado com os órgãos federais naimplementação da reforma agrária e da regularização fundiária. “Nós sabemos quea violência no campo, pela disputa de terras, ela vem da concentração deterras”, disse ela.