Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) não pode ser retirada às pressas do país, sob pena de, daqui a poucos anos, voltar a ser necessária a presença das tropas de paz no país. A análise é doconselheiro político do governo do Canadá Diego Ossório, queparticipa, em Brasília, do Seminário de Alto Nível sobre Operações eManutenção da Paz, realizado no Itamaraty.
“Alguns problemas não sãoapenas do Haiti, como o tráfico de drogas, que pode contaminar todo ocontinente”, exemplificou Ossório. Para ele, o tempo de permanência das tropas brasileiras no Haiti, integrantes damissão de paz das Nações unidas (ONU), depende dascondições de segurança da população e também do fortalecimento dossistemas judiciário, fiscal e social do país.
As tropas da Minustah estão no Haitidesde 2004, quando foi deposto o presidente Jean-Bertrand Aristide. OBrasil lidera a força internacional, que conta com um contingenteinternacional de cerca de sete mil militares. Há, ainda, quase 2 mil policiais da ONU, além de centenas de profissionais civis. São 1.200 homens dasforças armadas brasileiras.
Esta semana, o embaixador Paulo Cordeiro deAndrade Pinto, afirmou que há a possibilidade das tropas continuaremlá mesmo depois de 2008. Para isso, o Brasil vai defender no Conselho desegurança da ONU a extensão dos trabalhos da Minustah até fevereiro doano que vem. O atual mandato expira no próximo dia 15.
De acordo com o canadense, a solução para os problemas do Haiti não está apenas nagarantia do resultado das eleições, como ocorreu com a vitória dopresidente René Préval, em fevereiro do ao passado. “É necessáriotambém reorganizar a ordem constitucional”, afirmou. “É preciso que aeconomia atenda a todas e se não for possível acabar com a pobreza, queao menos se dê condições para a população estudar e comer para romper ociclo da pobreza”, argumentou Ossório.
Aatuação da Minustah, disse Ossório, já ajudou o país a sair de umasituação de caos para um ambiente difícil, mas “canalizado”, em termosde segurança. Ainda segundo o conselheiro, as tropas da missão da ONUtambém conseguiram diminuir o número de infecções pelo vírus da Aids etêm estimulado esforços relacionados à educação.
Ossóriodisse também que é necessário haver uma maior integração entre as tropas dospaíses envolvidos na recuperação do Haiti. “Elas têm que treinarjuntas. São bons jogadores, mas precisam formar um time”, afirmou.