Ritmo acelerado da demanda em Congonhas resultará em colapso, avalia professor do ITA

07/02/2007 - 20h41

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O professor Cláudio Jorge Pinto Alves, professor da divisão de Engenharia de Infra-estrutura Aeronáutica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), prevê que antes mesmo de 2015, o aeroporto internacional de Congonhas, na zona sul da cidade de São Paulo, pode chegar a uma situação permanente de “caos”. Segundo ele, desde o ano de 2000, o rítmo de crescimento da demanda no sistema de transporte aéreo cresce a uma velocidade superior ao da economia brasileira. Até então, conforme apontou, existia uma proporcionalidade e a com a inversão desse processo, a vulnerabilidade de operação em Congonhas fica ainda mais exposta.“Congonhas é o terminal mais limitado que a gente tem hoje, não dá para crescer mais e opera com movimento de passageiros em cerca de 50% acima de sua capacidade”, acentua ao esclarecer os principais tópicos do artigo acadêmico “Sistema aeroportuário de São Paulo: realidades e desafios”, sobre a tese de mestrado da qual é orientador em um trabalho do aluno German Alberto barragán de Los Rios. Ele informou que apesar de ter uma capacidade para receber até 12 milhões de passageiros ao ano, Congonhas registra uma demanda que ultrapassa esse volume com 18 milhões.Nesse artigo consta que o movimento no transporte aéreo do mundo todo deve crescer, neste ano de 2007, algo em torno de 5,8% e, na América Latina, 4,7%. No Brasil, a taxa de crescimento chegou, em 2005, a 16% e, nos aeroportos paulistas, 20%. Cláudio Jorge, observa que mesmo as estimativas mais conservadoras feitas pelo Instituto de Aviação Civil (IAC) para 2015, “identificou-se que teremos um problema bastante sério, de colapso”, em razão do desequilíbrio entre a capacidade de atendimento e de demanda. No ano passado, segundo salientou, o crescimento em congonhas chegou a 7%, o dobro do avanço do Produto Interno Bruto (PIB).Além de ter ocorrido o ingresso de um novo público, de pessoas que hoje aproveitam as condições de desconto e outros tipos de promoções o próprio desenvolvimento econômico justifica esse cenário, conceitua. A grande questão que ele coloca é que existe por parte “do poder público limitação para investimentos diante de tantos problemas de infra-estrutura rodoviária, portuária, etc,  e o nosso trabalho é o de mostrar: olha aí para onde estamos indo e, depois não digam que a gente não avisou”, alerta.Nesse estudo, complementa, “apresentamos soluções que, na verdade, são paliativos”. Pelo que ele defende, o fluxo de passageiros deve ser remanejado em parte para outros terminais, que deverão ser adequados para receber maior número de usuários e ainda aponta que há uma outra solução que passa por uma política de tarifas. Questionado sobre a viabilidade de novos terminais, observou que um novo projeto requer, no mínimo, entre 8 a 10 anos, além de envolver ”batalhas judiciais, crises com ambientalistas, e etc”. Um novo grande terminal, cita no documento, poderia ser substituído por aeroportos menores ou regionais que viriam a absorver uma parcela do movimento de Congonhas e Guarulhos. No artigo, salienta ainda que “existe uma demanda por transporte aéreo em São Paulo que a infra-estrutura instalada não suporta sem a redução do nível de serviço oferecido aos usuários”. Sugere ainda a instalação de um Plano Aeroviário Nacional como “imprescindível” em que seriam consideradas as características econômicas, sociais e vocacionais de cada região.