Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O consumo de energia primária do Brasil deverá crescer 86% até 2050, passando de 40.090 gigawatts atuais para 74.650 gigawatts, e o preço da eletricidade deverá quadruplicar. É o que prevê um estudo divulgado hoje (2), em São Paulo, pelo Greenpeace, que propõe uma "revolução energética" para evitar isso e para diminuir a produção de “energia suja” que contribui para aumentar o aquecimento global. De acordo com o estudo do Greenpeace, é possível eliminar as fontes sujas de energia da matriz energética do país com investimentos e políticas públicas de apoio a energias renováveis como a biomassa e a energia eólica.O relatório chamado de "Revolução Energética - Brasil" mostra três cenários diferentes para o Brasil no ano de 2.050. O primeiro, chamado de cenário de Referência, tem dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) ligada ao ministério de Minas e Energia, o segundo é o cenário Intermediário, elaborado em parceria pelo Greenpeace e o Grupo de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Universidade de São Paulo (Gepea Poli-USP), e o terceiro é o cenário de "revolução energética". A proposta será encaminhada a todos os ministros do governo e ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a formadores de opinião, empresários. Segundo o diretor de campanhas do Greenpeace, Marcelo Furtado, o relatório mostra que o Brasil pode produzir metade da energia que o governo estaria gerando em 2050 de forma mais barata, eficiente e com participação de 89% das energias limpas na matriz energética do país. “Então se tem energia limpa e barata para um país que quer crescer sustentavelmente”. No cenário ideal do estudo, a matriz energética do país ficaria dividida em 38% hidrelétrica, 26% biomassa (rejeitos agrícolas e de madeira, cana-de-açúcar, lixo), 20% eólica, 12% gás natural e 4% fotovoltaica. De acordo com Furtado, se a "revolução energética" for implantada o país poderá gerar metade do que o cenário governamental prevê e ainda economizar energia. “Isso significa que do ponto de vista econômico o modelo aponta o custo anual da matriz energética brasileira na faixa de R$ 530 bilhões em 2050 e nós estaríamos gerando energia com um custo anual de R$ 350 bilhões". Furtado explicou que a economia de R$ 180 bilhões resulta de práticas de eficiência energética e do custo menor da energia limpa.O estudo da entidade foi divulgado hoje (2), no mesmo dia em que saiu orelatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, eminglês) em Paris. Segundo ele, a Terra vai se tornar mais quente até o ano de 2100, o que significaaumento do nível do mar e catástrofes naturais mais intensas. “Aemissão de gases de efeito estufa nas taxas atuais ou maiores têm 90%de chance de causar aquecimento global e alterações climáticas duranteo século 21 maiores do que aquelas observadas no século 20”, registra.