Brasil sairá em pouco tempo do ranking de concentração fundiária, diz ministro

02/02/2007 - 13h30

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se o país continuar assentando as famílias de agricultores no ritmo em que se fazhoje, nos próximos cinco ou dez anos, o Brasil não estará mais entre ospaíses com maior concentração fundiária. A afirmação foi feita pelo ministro doDesenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em entrevista hoje (1)à Rádio Nacional. "A concentração deterras em nosso país é maior que a concentração de renda. E isso é umelemento gerador de conflitos. O Brasil ainda não enfrentou o temada reforma agrária, que os países desenvolvidos resolveram no início doséculo 19", afirmou Cassel.Ele comemorou o dado divulgadopelo governo nesta semana de 381.419 famílias assentadas nos últimos quatroanos. "É muito importante o dado de assentamento das 381 milfamílias. Porque pela primeira vez que em tão curto espaço de tempo, seenfrenta essa demanda de uma maneira tão positiva. Alémdisso, quando assentamos 381 mil famílias, estamos diminuindoconflito."O ministro disse que o próximo desafio é aqualidade da produção dos assentamentos. "Investimos R$ 2 bilhões naqualificação dos assentamentos e hoje temos 80% das famílias assentadascom assistência técnica", disse. Mas, segundo Cassel, a idéia éuniversalizar o número de famílias assistidas. "Queremos chegar até ofinal de 2007 com 100% das famílias com assistência técnica."Casseldisse que o objetivo é que o país não encare os assentamentos como"favelas rurais e espaços de pobreza".  "Queremos que todos os asssentamentos no país sejam espaços no meio rural ondea sociedade brasileira possa enxergar muito trabalho e muita produção",disse.Para o ministro, o país irá acelerar o processo dereforma agrária quando os índices de produtividade forematualizados. Ele reconhece que os índicesestão defasados em 35 anos. "Conversei essa semana inclusivecom o presidente da República sobre isso. O presidente é sensível ànecessidade de rapidamente a gente reajustar esse índice para ospadrões de produtividade atual", disse. O projeto de atualização dosíndices está na Casa Civil para ser aprovado.A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura(Contag) reagiu, esta semana, ao anúncio dos números da reforma agrária dizendo que esperavaum maior empenho na área. Para a Contag, oconjunto das ações do governo federal nos últimos quatro anos ficouaquém do previsto no plano de 2003.