Apesar dos desafios, Chinaglia se coloca como grande articulador, diz professor

02/02/2007 - 10h35

Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - Na avaliação do professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados representou um teste a base aliada imposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de definir sua equipe de governo para o segundo mandato. A eleição ocorreu ontem (1º) e o candidato petista Arlindo Chinaglia (SP) conquistou o cargo após vencer, em segundo turno, o candidato da base aliada Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que tentava a reeleição. Chinaglia tormou-se presidente da Casa com 261 votos, 18 a mais que seu adversário. Com a vitória, diz Barreto, o governo poderá se dedicar à distribuição de cargos em torno da estrutura do poder Executivo. “Arlindo Chinaglia é um grande negociador, um grande articulador. Ele foi um dos pilares de sustentação do PT durante todo o período de crise”, afirmou, em entrevista hoje (2) ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.Mesmo com um papel importante no partido, a candidatura de Chinaglia enfrentou dificuldades, pois não tinha o apoio nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o professor, ainda que tenha fcapacidade de articulação política, o novo presidente da Câmara representa uma parcela do PT que reivindica mais espaço dentro do governo.“Chinaglia acaba representando uma fonte de conflito e vai tentar ampliar o espaço do PT dentro do governo. Isso terá que ser contornado pelo presidente Lula que, afinal de contas, tem que acomodar todos os aliados dentro de ministérios e secretarias”.Segundo Barreto, a pequena diferença de votos entre Aldo e Chinaglia pode ter denunciado que o “racha” na base aliada é maior do que se imaginava. “A diferença de apenas 18 votos demonstrou que dentro da própria base de Chinaglia, dentro do ‘blocão’ composto por PT, PMDB e uma série de outros partidos, houve um número muito grande de traições”.Na visão visão do professor, trabalhar nesse cenário de divisão é o principal desafio do novo presidente eleito da Câmara em um processo de reconstrução da base aliada que se mostrou mais frágil do que se pensava no início do ano.