Instituto considera preocupante aumento do número de civis mortos em confronto com policiais

01/02/2007 - 15h49

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O aumento do número de civis mortos em confrontos compoliciais, militares ou civis, em 2006 é preocupante, avaliou odiretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne. Dados divulgados pelaSecretaria de Segurança Pública de São Paulo esta semana mostram o aumento de79% nas mortes de civis provocadas por policiais no ano passado (de 300 em 2005para 537). Segundo o balanço, o número de policiais mortos aumentou de 31% para34% em 2006.Mizne observou que o estado de São Paulo vinha registrandoredução no número dessas ocorrências, devido a algumas ações implementadas pelogoverno estadual nos últimos dez anos. “No ano passado, claramente essehistórico fugiu da curva, e se dividirmos por meses veremos que isso está muitoconcentrado naquele período dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC).Na época, diversas entidades manifestaram uma grande preocupação de que areação da polícia estava sendo desproporcional”, disse. O diretor do instituto disse que quando há aumento do númerode mortes porque houve mais confrontos, normalmente esse número aumenta dosdois lados. “Claro que ninguém deseja que um policial morra. Cada um que morreué um fato grave, mas isso não justifica que no dia seguinte haja um númeroabsurdo de pessoas mortas pela polícia e não se veja que isso ocorreu porque osconfrontos continuaram”. Mizne observou que sempre o número de policiais mortos serámenor por causa do melhor preparo da polícia. Mas disse que mesmo assim osnúmeros deveriam mostrar que houve aumento dos confrontos. “Pode-se atécompreender que a polícia estava mais nervosa, se sentindo acuada e por issotomou menos precauções na hora do uso das armas de fogo, mas isso não é umajustificativa, é uma maneira de analisar os números”. Ele espera que esse ano seja retomada a tendência de quedanas mortes tanto de policiais quanto de civis.Para Mizne, a afirmação do pesquisador Túlio Khan, daCoordenadoria de Análise e Planejamento (CAP), da Secretaria de SegurançaPública, de que a polícia do estado “só reage em caso de necessidade eproporcionalidade” não explica o aumento das mortes de um ano para o outro.“Tudo bem que tivemos os ataques, mas tivemos ataques menores em outros anos,temos atividade criminal e atuação policial grande no estado, mas ter aumentode 79 % no ano não é normal”. Mizne disse ainda que não considera a polícia do estado deSão Paulo como uma “polícia matadora” e acredita que não houve ordem para queos policiais executassem civis durante os ataques sofridos em maio de 2006. “Setivesse acontecido isso os resultados seriam piores ainda. O que eu acho quehouve foi uma perda de controle, que tem que ser corrigida”.  Na avaliação de Mizne é preciso também que a Secretaria deSegurança Pública continue investigando as ações dos policiais que estiveramtrabalhando no período em que as mortes ocorreram para saber se elasaconteceram de fato em momentos de confronto ou se podiam ser evitadas.