Flávia Castro
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 5 mil estudantes retomaram hoje (1) o terreno da antiga sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) na Praia do Flamengo, zona Sul da cidade. O prédio, que abrigava a entidade desde 1942, foi incendiado logo após o golpe militar de 1964. Nos anos 80, o prédio acabou demolido e o terreno se transformou em estacionamento. Quando ocupou a Presidência da República, entre 1992 e 1994, Itamar Franco devolveu a escritura do terreno para a UNE. Há 15 dias, o prefeito Cesar Maia interditou o estacionamento por falta de alvará, o que facilitou a devolução do imóvel à entidade. Os estudantes fizeram uma passeata, dos Arcos da Lapa à frente do imóvel, que foi ocupado à força, após a derrubada de um portão de ferro com cerca de 4 metros de altura. Eles prometeram permanecer no local até receberem a posse definitiva. Segundo o presidente da UNE, Gustavo Petta, o ato é histórico e resgata o passado da entidade: “A gente está se aproximando de uma reparação que o Estado tem que fazer aos estudantes brasileiros, devolvendo o que já é nosso”.A sede nacional da UNE, que atualmente fica em São Paulo, será transferida para o Rio de Janeiro, informou. “Nós vamos voltar para o Rio, que é um centro político e cultural importantíssimo. Eu acho que o movimento estudantil pode ter capítulos ainda mais fortes com essa mudança”, disse Petta.O ato marcou o encerramento da 5ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE. Durante a passeata, os estudantes também reivindicaram aumento dos recursos investidos na cultura, para 2% do Orçamento da União. Atualmente, esse índice é de 0,5%. Eles defendem também a aplicação da Lei 10.639/03, que inclui a disciplina História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares.Ex-presidente da UNE, o ministro do Esporte, Orlando Silva, participou do ato de retomada. Ele afirmou que "o projeto de Oscar Niemeyer [para a nova sede, doado pelo arquiteto] vai colaborar muito e o presidente Lula já declarou publicamente seu interesse em ajudar na reconstrução da sede".O projeto prevê que o prédio terá centro cultural, teatro, cinema e um museu com a história das lutas estudantis no Brasil.A 5ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE, que começou no último dia 27, contou com a participação de cerca de 10 mil estudantes de todos os estados, em debates, shows musicais e atividades culturais.