Catadores do DF apresentam denúncia em Comissão de Direitos Humanos

01/02/2007 - 17h49

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da cooperativa de catadores de materiais recicláveis Coopativa, Marcelo Ricart, denunciou hoje (1º) à Comissão de Diretos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal a ação de despejo das 45 famílias de catadores removidas de uma área pública, localizada no Setor de Inflamáveis.A retirada das famílias ocorreu ontem (31), por volta de 7h, em uma ação conjunta das Polícias Militar e Civil do Distrito Federal, além do Corpo de Bombeiros e da Vara da Infância e Juventude de Brasília. Cerca de 400 policiais participaram do despejo, coordenado pelo Serviço Integrado de Vigilância do Solo (Siv-Solo) do DF. O órgão alega que a área onde os catadores viviam e trabalhavam apresenta riscos aos próprios moradores. Dutos subterrâneos da Petrobras passam no local, o que impediria obras de saneamento básico.Segundo o presidente da cooperativa de catadores, o despejo foi um “ataque surpresa”. “Como estávamos organizados, as autoridades do governo foram lá, fizeram um acordo de que não haveria a retirada e prometeram cadastrar as pessoas e encaminhá-las para as moradias”, contou o presidente da cooperativa. “Na quarta-feira (31), nos pegaram de surpresa. Estávamos dormindo quando eles chegaram.”Para Ricart, o mais importante agora é a moradia dos mais de 240 cooperados, mesmo que o local seja distante do galpão onde é feita a separação do material recolhido. Depois da retirada, as 54 crianças e as mulheres da cooperativa foram alojadas em um abrigo de passagem, que presta auxílio a moradores de rua. Os homens montaram redes e estão dormindo no galpão da cooperativa. Os catadores deram um prazo, até a próxima quarta-feira (7), para que o governo do Distrito Federal conceda uma nova área. Se isso não ocorrer, afirmou Ricart, eles estão dispostos a ocupar o abrigo onde foram alojadas as crianças e mulheres da cooperativa.  “Vamos pedir para a direção que se retire, pacificamente, e só iremos desocupar quando for entregue a moradia.”No início da semana, em entrevista à Rádio Nacional, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, disse que não irá "tolerar invasões" em sua gestão. Para ele, Brasília não pode mais conviver com essa "ilegalidade". "Veja você que o Rio de Janeiro há 30 anos era uma cidade muito boa de se viver, só que deixaram ocupar as encostas, as favelas ocuparam a zona sul da cidade e virou aquela bagunça que está hoje. É isso que queremos para Brasília? Claro que não", afirmou Arruda."É por isso que vou atuar com muito rigor, muita firmeza e por isso que grileiros estão sendo presos e o Sivsolo e a Força Tarefa que criei estão agindo com rigor na defesa do solo, retirando invasões, quer sejam de pobres, quer sejam de ricos e é dessa maneira que vamos trabalhar. Na defesa do uso do solo racional e legalizado para Brasília."