Taxa básica de juros pode chegar a 9% em 2010, prevê economista

27/01/2007 - 9h28

Lana Cristina e Edla Lula
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Se fosse possível congelar a situação econômica dos mercadosem todo o mundo, inclusive no Brasil, não seria demais dizer que a taxa Selic,usada como parâmetro pelas instituições financeiras praticarem suas própriastaxas, poderá chegar a 9% em 2010. O cenário, traçado pelo economista eex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, leva a uma taxa real de juros nuncavista na história do país.“Desde setembro de 2005, o Copom reduz sistematicamente a taxa Selic a cadareunião, o que tem variado é o ritmo. Já foi 0,25 p.p no começo, depois 0,75p.p, depois 0,50 p.p e agora foi 0,25 p.p novamente. Eu acho que essa vai ser atrajetória até encontrar um nível que seria de uma taxa de equilíbrio. E oBrasil terminaria o mandato do presidente Lula com taxa Selic por volta de 9%ou 10%, no máximo, que seria uma taxa real de juros da ordem de 5% a 6%, queserá, sem dúvida, a mais baixa da história recente do país”, registrou oex-ministro em entrevista à Radiobrás.Maílson ressaltou, no entanto, que essa trajetória de declínio depende defatores, inclusive externos, como o preço do barril do petróleo, apossibilidade de uma crise mundial que redundaria numa redução do fluxo derecursos para o Brasil, e uma conseqüente desvalorização cambial. Fatores que,como bem recordou o ex-ministro, fazem pressão sobre a inflação. “Tudo isso nãodeixa de ser um chute (a projeção de taxa real em 2010), porque tudo dependedas circunstâncias do momento. Suponha que daqui a um ano ou dois anos, poralguma razão, haja um aumento substancial do preço do petróleo ou uma crisemundial que reduza os fluxos de recursos para o país. Ambos os fenômenosimpactariam ou gerariam riscos para a inflação, o que obrigaria o BC a aumentara taxa de juros”, explicou.O ex-ministro lembra que a taxa de juros é o principal instrumento que o BancoCentral tem para preservar a inflação baixa. E inflação controlada, para ele, éum meio de favorecer as classes mais pobres. “Nós estamos aprendendo, e cadavez mais, que inflação baixa é o que melhor pode existir para as classes menosfavorecidas. Inflação alta, um pouquinho mais de inflação para fazer o paíscrescer, não compensa. É o caminho para beneficiar as classes mais favorecidasque têm condições de se defender de processos inflacionários”, disse.