SUS de Porto Alegre tem mais de 800 pessoas na fila para cirurgia de obesidade

27/01/2007 - 10h28

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Mais de 800 pessoas estão cadastradas para fazer a cirurgia da obesidade (bariátrica), no Hospital Conceição, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Porto Alegre. Elas são encaminhadas pelos Postos de Saúde ao HC para serem avaliadas pela equipe do Centro de Atenção ao Obeso Classe 3. Criada em 2002, a unidade - formada por endocrinologista, psiquiatra, epidemiologista, nutricionista, psicóloga e assistente social do Hospital - é chefiada pelo cirurgião bariátrico, Nelson Meinhardt, que já realizou quase 240 cirurgias de obesidade, no local, “fora as particulares”. Meinhardt explica que o Conceição - um dos dois hospitais gaúchos credenciado pelo Ministério da Saúde como centro de referência em cirurgia de obesidade (o outro é o São Lucas, também em Porto Alegre) - realiza esse tipo de procedimento desde 1987. “Até pouco tempo atrás, quando era feita apenas uma cirurgia por semana, uma pessoa podia esperar até 10 anos na fila”, disse o cirurgião. Atualmente são realizados dois procedimentos por semana, o que reduziu o tempo para até cinco anos. “Aqui no Centro, os pacientes são divididos em grupos de mais obesos – aqueles que têm o índice de massa corpórea (IMC) acima de 50, e de menos obesos – com IMC abaixo de 50, sendo que esses últimos, por não terem limitação, e por causa do tipo de cirurgia feita, são operados com mais rapidez”, explica o cirurgião.A obesidade é calculada pelo índice de massa corpórea (IMC), uma fórmula que divide o peso da pessoa em quilos (kg) pelo quadrado da altura (em metros). A Organização Mundial de Saúde diz que o índice normal é entre 18.5 e 25. Um resultado acima de 35 determina obesidade de grau 2 e, acima de 40, grau 3, o que já pode indicar riscos sérios à saúde. Atualmente existem até 8 tipos de procedimento na área, que se resumem basicamente a duas categorias: as restritivas (que impedem a pessoa de comer bastante) e as que fazem alteração metabólica. “No HC a cirurgia paga pelo SUS é a gastroplastia, ou seja, a que reúne os dois tipos, dependendo do que é mais adequado ao paciente”, destacou o médico. Após a operação, o paciente é examinado, a cada três meses, em média, “para ver se está absorvendo proteínas, se não está perdendo cálcio ou ficando anêmico e como estão se comportando o colesterol, triglicerídios e a diabete, entre outros”.Quem pode ser submetido ao tratamento cirúrgico são as pessoas com índice de massa corpórea acima de 40 ou com IMC superior a 35 que tenham alguma doença associadas ao peso, que ameacem a vida, como diabete, apnéia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia (alteração do colesterol e ou triglicerídeos), doença das artérias do coração, doenças das articulações entre outras. Elas também não podem ter contra-indicações como câncer, problemas de coagulação.Os pacientes também devem ter de 18 a 65 anos de idade. No HC média está entre os 30 e 40 anos. “Todavia, tem aumentado a procura entre os jovens e adolescentes”, informa Meinhardt.