Sob bombardeio, brasileiro em Bagdá insiste em hastear bandeira na embaixada diariamente

27/01/2007 - 16h03

Álvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Todos os dias, Awni Al Deiry se levanta e segue para a embaixada do Brasil no Iraque, fechada nos anos 90, e hasteia a bandeira nacional. Verifica se os objetos estão todos preservados. Cumpre o expediente como se, para além dos muros, não houvesse uma guerra que o obriga a realizar diariamente um trajeto diferente entre sua casa e a embaixada, localizadas no mesmo bairro de Badgá, para evitar um seqüestro ou seu assassinato."A embaixada me foi confiada há mais de 16 anos. É o maior risco, e também o maior desafio. Eu não vou deixar a embaixada brasileira até que chegue uma missão diplomática, para entregar o prédio nas condições em que me foi confiado", explica. Ele deu entrevistas à Agência Brasil por e-mail, durante as poucas horas do dia em que há energia elétrica."Depois disso tudo estará resolvido, mas até lá eu não posso deixar meu posto. Se o fizesse, seria algo negativo para mim, para as autoridades e para o Brasil".Atualmente, a embaixada brasileira, onde está o embaixador Bernardo Brito, opera na chancelaria em Amã, na Jordânia, em função dos custos e também das questões de segurança na capital iraquiana. Al Deiry nasceu no Líbano, mas viveu no Brasil até os oito anos, nas cidades Camaquã e Arambaré (RS). Voltou ao país natal, onde cursou Direito e se especializou em Ciências Políticas. "O Brasil é a terra de minha infância. Sempre me senti um brasileiro longe de minha terra natal", diz o libanês naturalizado brasileiro há 12 anos.Chegou no Iraque em 1979 para trabalhar com empresas brasileiras e, quatro anos depois, tornou-se responsável pelo setor comercial na embaixada do Brasil em Bagdá. Atualmente é o responsável pelo prédio da missão diplomática.