Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Há exatos três anos, uma equipe de fiscalização doMinistério do Trabalho foi assassinada numa tocaia no município mineiro de Unaíquando realizavam operações em fazendas suspeitas de explorarem trabalhoescravo. Por conta de sucessivos recursos, os acusados de mando e execução doscrimes ainda não foram julgados pela Justiça. Para protestar contra amorosidade do judiciário, será realizada neste domingo (28) uma manifestaçãopública, no local do crime, promovida pela Associação Nacional dos Procuradoresdo Trabalho e familiares das vítimas.Em entrevista à Rádio Nacional, o procurador doTrabalho e presidente da associação, Sebastião Vieira Caixeta, disse que crimescomo estes e o da missionária Dorothy Stang, ocorrido em 12 de fevereiro noPará, “são emblemáticos”, porque atentam contra o Estado. “Nós sabemos que,infelizmente, trata-se de um problema estrutural da Justiça brasileira.Entretanto, um caso que teve uma repercussão como este não pode demorar tanto”,disse.No caso específico dos fiscais Herastótenes de AlmeidaGonçalves, João Batista Soares Lages, Nelson José da Silva, além do motoristaAirton Pereira de Oliveira, vítimas de crime de mando, o procurador ressaltouque todos estavam “no cumprimento do dever legal investidos de seus poderes defiscalização e buscando a implementação de direitos sociais”.O acusado de mandante do crime é o fazendeiro NorbertoMânica, denunciado por quatro homicídios triplamente qualificados (pagamento derecompensa, dissimulação e supressão de direitos trabalhistas). Também foramdenunciados e aguardam julgamento por participação direta ou indireta nachacina, Humberto Ribeiro dos Santos e Willian Gomes de Miranda. Em nota à imprensa, o presidente da Central Única dosTrabalhadores (CUT), Artur Henrique, classificou o dia 28 de janeiro como “umavergonhosa data para o Brasil”. Acrescentou que “protegidos pelo rótulo desuspeitos, pessoas ligadas ao agronegócio daquela região não apenas escapam dapunição pelo crime, como podem continuar planejando o uso de mão de obraescrava em suas plantações”.A CUT também critica a lentidão do processo judicial. “Essalentidão para identificar claramente os responsáveis e puni-los estimula outrosseres abomináveis, em diversas localidades, a manter uma parte do nosso país mergulhadanas trevas”.