José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fim do monopólio de resseguros noBrasil possibilitará a expansão do mercado de seguro rural no país,beneficiando a todos os produtores, na avaliação do Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Segundo o secretáriode Política Agrícola do ministério, Edilson Guimarães, o governo esperajá este ano triplicar o número de segurados no campo, que hoje atinge apenas 21.826 produtores, num universo estimado de 4 milhõesde propriedades rurais.
“Oseguro rural tende a crescer com as empresas, nacionais e estrangeiras,sentindo que o mercado vai funcionar, com resseguradoras chegando aopaís. Isso deve impulsionar o setor, traduzindo-se na criação de novosprodutos e de apólices mais acessíveis. Assim, mais produtores terãosuas propriedades seguradas”, acredita Guimarães. Resseguro é o segurofeito pelas empresas seguradoras, que dividem os riscos com gruposfinanceiramente mais fortes.
Naúltima segunda-feira (15), a Lei Complementar 126/07, que permite aatuação de resseguradoras nacionais e estrangeiras no país, foisancionada pelo presidente da República em exercício, José Alencar. Anova lei tira da estatal Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) o controle dosetor, acabando com um monopólio que durava décadas. Sociedade deeconomia mista com controle acionário da União, o IRB foi criado em1939.
Prevendoa expansão do segmento, o ministério vai destinar R$ 100 milhões em2007 ao pagamento de subvenção (o governo arca com parte do segurocontratado pelo produtor) ao seguro rural, número três vezes maior emrelação ao ano passado, quando o volume de recursos chegou a R$ 31milhões. As 21.827 propriedades seguradas atualmente pelo governo (numtotal de R$ 2,8 bilhões) correspondem a 1,5 milhão de hectares de áreaprodutiva.
Oseguro rural funciona no Brasil há alguns anos. Cobre, basicamente,as perdas com problemas climáticos, como secas prolongadas, geadas, trombas d’água,furacões etc. As empresas do ramo, atualmente, costumam fazercontratos em regiões selecionadas e com produtos específicos, atuandoprincipalmente nos estados de São Paulo e Paraná. “Elas (seguradoras)buscam regiões e produtos com menos riscos de sofrerem com possíveiseventos climáticos”, explica o secretário de Política Agrícola do MAPA.
Segundoele, fazer seguro agrícola ainda é muito caro, por ser uma atividade deenorme risco. “É diferente do seguro de carro. Dificilmente, porexemplo, todos os carros de Brasília vão bater, quebrar ou ser roubadosnum mesmo dia. Na agricultura, não. Um efeito climático pode destruirtoda a produção agrícola de uma região de uma única vez. Então, o riscoé muito alto e encarece o prêmio”, observa.
Daí,de acordo com Guimarães, a importância da abertura do mercado deresseguros, pois as seguradoras vão buscar dividir esses possíveisprejuízos, e isso poderá viabilizar mais negócios. “Como o resseguro no país era um monopólio do IRB, ficavadifícil, pois esse segmento precisa de grandes empresas e de um altovolume financeiro. Por isso, a abertura do setor beneficiará toda acadeia rural”, conclui.