Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O governo brasileiro deve adotar medidas que impeçam menores de chegar à anorexia, um transtorno alimentar grave, de origem psicológica, e que pode levar à morte. O alerta foi feito hoje (17) pelo gastroenterologista Luiz Mikalauskas, durante debate realizado paralelamente à feira de moda Fashion Rio, na Bolsa de Negócios Fashion Business. Com pós-graduação em Medicina Ortomolecular, o médico trata há 32 anos de pacientes com transtornos alimentares e doenças ligadas à obesidade. E lembrou que recentemente, na Espanha, as menores de 16 anos e com índice de massa corporal inferior a 18 foram proibidas de participar de desfiles de moda. "É uma atitude recomendável. Ou isso ou alguma coisa muito próximo disso precisa servisto com carinho por autoridade competente, porque é um assuntocontroverso, que mexe com moda, com beleza, mas mexe também comsituações de perda de saúde”, avisou.Nos últimos meses, acrescentou o especialista, chegaram à imprensa pelo menos quatro casos de morte de jovens no Brasil devido à anorexia. Ele recomendou que as famílias tentem identificar nas filhas a "tentativa de chegar a um padrão ideal de beleza onde um dos principais requisitos seria a magreza". Segundo Mikalauskas, "às vezes se observa esse quadro com olhos não profissionais e se acha que a menina está muito magra, mas não se detecta que isso faz parte de uma síndrome, de uma doença psiquiátrica, que precisa ser tratada com profissionais habilitados". Entre os sintomas apresentados pelas jovens, e aos quais o médico recomenda atenção da família, estão as gripes ou resfriados constantes, estado febril, dores de garganta, nem sempre com uma explicação óbvia. "É uma menina que tem uma fragilidade em termos de imunidade. A pele também apresenta rachaduras, é seca, as unhas e os cabelos não têm brilho, porque essas meninas não têm minerais, não têm vitaminas – têm uma carência nutricional visível", disse. As jovens também podem apresentar alterações de comportamento. “Com muita freqüência, elasse mutilam, se ferem, se machucam, em cerca de 90% dos casos", apontou. E explicou que embora se trate de distúrbio alimentar, o profissional adequado para o tratamento é um psicólogo ou psiquiatra: "É um assunto da esfera emocional". Mikalauskas revelouque uma jovem de 13 anos está internada em umhospital no Rio de Janeiro por anorexia, com "pouquíssimas chances de sobreviver". Ela tem 1,70 metro de altura, pesa 36 quilos e está em um quadro de caquexia, com perda acentuada e progressiva de peso corporal, gordura e músculos, segundo o médico. "O índice de massa corporal dessa jovem é de 7,6, quando o tolerável se situa acima de 15", informou.