Para antropólogo, indígenas devem participar mais da gestão de recursos financeiros

14/01/2007 - 17h31

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O antropólogo Ricardo Verdum, autor do artigo Perdas e Ganhos no Orçamento Indigenista do Governo Federal,defende uma melhoria no planejamento das ações indígenas e aparticipação dos próprios índios na formulação de programas e gestãodos recursos financeiros. “Não adianta ampliar o recurso com falta deplanejamento, de integração das políticas, uma eficiência no gasto.Então, esse dinheiro pode numericamente ser ampliado, mas não serefletir na eficácia”, critica Verdum.

Ele lembra que já foi assinado odecreto que cria a Comissão Nacional de Política Indigenista, mas que ocolegiado está com atraso de seis meses na sua instalação. Oantropólogo também afirma que, durante a campanha eleitoral, foi proposta a criação de um conselho nacional indígena, com secretariaexecutiva e distritos territoriais à semelhança dos DistritosSanitários Indígenas (Desais).

“Você teriauma estrutura regional de planejamento e execução das ações, comcontrole indígena, e um conselho ou comissão que definiria asdiretrizes para cada distrito territorial”, explica.

Verdumtambém sugere a criação de um núcleo de monitoramento e avaliaçãoindígena em Brasília, que seria uma instância de controle social dopróprio movimento indigenista. “Seria uma reformulação, uma reforma,uma refundação da estrutura da política indigenista, onde os indígenasteriam maior protagonismo na definição dessas políticas”.

Apesarde existirem diversas políticas setoriais para os povos indígenas, oantropólogo diz que é necessário realizar uma revolução nas estruturasde gestão e planejamento, uma nova política indigenista.

“Épreciso superar esse indigenismo que hoje é mais um entrave aodesenvolvimento indígena, muito tutelar, assistencial. Os indígenasquerem melhores condições, serviços. Eles têm propostas dedesenvolvimento de seus territórios e querem as condições paraimplementá-las”.