Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O policiamento ostensivo e uniformizado da Força Nacional de Segurança Pública, que enviará cerca de 500 soldados ao Rio de Janeiro nos próximos dias, representa um desvirtuamento em relação à proposta original do governo federal para o órgão. A opinião é do ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, que elogiou, no entanto, a atuação das tropas federais no Espírito Santo e em Mato Grosso do Sul. Soares disse ter receio de que a Força acabe servindo apenas para atuar em situações de emergência e não resolva os problemas estruturais que provocam o avanço do crime organizado no país. “Para mim, a Força deveria se concentrar mais na investigação e nas atividades de inteligência do que no simples reforço policial”, avaliou.O ex-secretário disse considerar insuficiente o contingente de 500 soldados das tropas federais para o Rio de Janeiro: "Mesmo se todo o efetivo de 7.700 homens fosse mandado, isso representaria apenas 20% dos 35 mil policiais militares do Rio. Esse é o problema do policiamento ostensivo, que precisa de um grande contingente para ser bem-sucedido”.Em 2003, lembrou, estava prevista outra função para a Força: “Nossa intenção era organizar uma agência nacional com 600 policiais de elite que investigariam, com tecnologia de ponta, o elo da polícia com o crime organizado”.Soares explicou que após sua saída da Secretaria, o órgão de elite das polícias teve o conceito reformulado, dando origem à Força Nacional de Segurança Pública. “O único item aproveitado da proposta original foi a seleção qualificada de policiais de todos os estados”, disse.Desde a sua criação, em agosto de 2004, a Força Nacional de Segurança Pública só atuou nas ruas durante a primeira operação em Vitória (ES), em dezembro desse mesmo ano, quando cerca de 150 soldados ajudaram a vigiar os pontos terminais do transporte coletivo, a fim de evitar incêndios dos ônibus. Nas outras duas operações, no ano passado, a tropa do governo federal conteve rebeliões em presídios de Mato Grosso do Sul e novamente do Espírito Santo. Os agentes controlavam a saída de presos e reforçavam as revistas das carceragens.Por meio da Assessoria de Comunicação, o Ministério da Justiça informou que o atual secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, não responderia às críticas de Soares.