Bloqueio do YouTube foi decisão "exagerada" da Justiça, avalia pesquisador

09/01/2007 - 19h47

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão judicial de determinar o bloqueio do site de vídeos YouTube foi "exagerada", avaliou o coordenador de projeto do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), James Gorgen. “Essa decisão foi um pouco exagerada por tirar todo o site do ar em virtude um problema”.Duas operadoras de telecomunicação chegaram a bloquear no Brasil o acesso dos internautas ao site, cumprindo a decisão do Tribunal e Justiça de São Paulo resultante de processo movido pela apresentadora Daniella Cicarelli para proibir a exibição de um vídeo com cenas íntimas entre ela e o namorado em uma praia na Espanha. A determinação, porém, foi revogada nesta terça-feira (9), pelo desembargador Ênio Santarelli Zuliani.Apesar do considerado exagero, o coordenador da Epcom defende que os casos que se referem à divulgação de imagens e informações na internet devem, assim como nos demais veículos de comunicação, obedecer às leis brasileiras. “Não vemos problema em relação às questões tanto de direito a privacidade quanto liberdade de expressão obedeceram à leis brasileiras. Não há por que a justiça desconsiderar isso, ou aliviar qualquer decisão por se tratar da internet. Ela não está acima de qualquer meio de difusão de idéias que existe”.A questão levanta ainda a discussão sobre a exposição de figuras públicas, afirma Gorgen. Ele lembra que, além da modelo ser mundialmente conhecida, estava em um local público. E questiona: “Até que ponto a exposição de pessoas públicas é provocada por elas e até onde é abuso?”Para o presidente da Associação Brasileira de Provedores deInternet, Antônio Tavares, o bloqueio foi uma atitude precipitada que pode serinterpretada como censura. “Nos preocupa que essa decisão colocou o Brasil anível de algumas más companhias de internet que fazem censura de site. Parece que o clamorpúblico fez o bom senso retornar, embora paire ainda a ameaça de que algo possaacontecer”, afirma.