Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A redução da taxa de juros de longo prazo para 6,5% ao ano, anunciada hoje(21) pelo Conselho Monetário Nacional, "sinaliza uma linhade diminuição do custo de capital”, avaliou o economista-chefe do Instituto deEstudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira. Para ele, “o que precisa ser feitoagora é que a taxa de curto prazo, basicamente a Selic, para capital de giro,também siga essa trajetória”. O economista explicou que "fora a inflação, da ordem de 3% ao ano, fica-se com uma taxa real (de longo prazo) de 3,5% – nível bem mais razoável que aquele com que convivemos durante bastante tempo". E lembrou que a Fed Fund, taxa correspondente à TJLP nos Estados Unidos, "está em 5,25% para dez anos, o que dá uma referência de 2,25% para a inflação, em torno de 3% também. No caso brasileiro, ela está indo para 3,5%, mais ou menos a taxa de jurosinternacional, mais o Risco Brasil, em torno de 2% (equivalente a 200 pontos),o que dá 4,25%. A taxa de juros do BNDES ficando em 3,5% está basicamente no nível dataxa de juros internacionais”. Pereira avaliou a decisão como "correta", diante das condições econômicas. "O Conselho Monetário Nacional tinha as indicações para fazer essa taxa epoderia ter feito antes, porque as condições do mercado internacional,principalmente as mudanças da economia brasileira, já possibilitavam essa convergência para a taxa mundial, que está próxima", disse. Ele acrescentou que “a taxa de juro é uma condição necessária, mas não é condiçãosuficiente, pois para que o investimento aconteça é preciso que as expectativaspara o futuro sejam positivas. É precisoum pouco mais de confiança no comportamento da economia. Nesse sentido, sãonecessárias as ações do governo, sob a forma de investimentos públicos e de uma redução da taxa de juros de curto prazo, o que sinalizaria que o Banco Centralnão pretende interromper o ciclo de crescimento sempre que ele se acelera".