Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmouhoje (20), em audiência pública na Câmara dos Deputados, que baixar a taxa básica de juros (Selic)“artificialmente” gera expectativa de inflação. Ele defendeu o controle dainflação feito pelo banco por meio das decisões do Comitê de Política Monetária(Copom). “Acho que a ousadia tem que se dar com controle da inflação.Experiências de diversos países em que os Bancos Centrais têm tentado baixar ataxa de juros artificialmente têm levado a um aumento da expectativa deinflação, e um aumento da taxa de juros real no mercado”, afirmou Meirelles.Ele acrescentou que medidas “intervencionistas” não funcionam. “Já houve iniciativas no passado de tentativa detabelamento, de controle por parte do governo, todas fracassadas. Acompanhamosisso não só no Brasil, mas em diversos países. Portanto, medidas autoritárias,intervencionistas, normalmente, não funcionam”, disse. Meirelles enfatizou ressaltou que a contribuição que o BancoCentral pode dar para estimular o crescimento do país é manter a estabilidade depreços. “Isso significa manter ainflação dentro das metas do Conselho Monetário Nacional e ter uma administraçãoda política cambial que assegure o bom funcionamento do mercado de câmbio, comequilíbrio do balanço de pagamentos”. Durante a audiência, Meirelles defendeu a atual política decâmbio flutuante, sistemaem que as operações de compra e venda de moedas funcionam sem controlesistemático do governo. Segundo ele, experiências de controle do câmbiode outros países não foram de “sucesso”, com exceção da China. “A China tem 47%do PIB [Produto Interno Bruto] em poupança. Portanto, tem umvolume enorme de recursos disponíveis, que não é o caso do Brasil. Eles têmtambém outras condições. Lá a Previdência Social é muito menor que a do Brasil,os direitos trabalhistas são outros. É uma outra estrutura econômica. É umoutro modelo, um modelo concentrador”, argumentou.O presidente do Banco Central disse que a tendência é de maior crescimentoda economia, na medida em que a estabilidade econômica permite um aumento“paulatino” dos investimentos. “Evidentemente, o crescimento do Brasil hoje nãoé o que desejamos, mas é bem superior ao que se alcançou nas últimas décadas”,acrescentou.Meirelles disse ainda que a instituição estáaberta a discutir com o Congresso qualquer proposta de reforma do BancoCentral. “Não cabe ao BC opinar sobre sua própria independência. Mas háexperiências, de vários países, de bancos centrais autônomos que tiveramsucesso, com taxas de juros mais baixas e taxas de crescimento mais positivas”, afirmou.