Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Mais de 4 mil famílias de agricultores, ligados à Federação dosTrabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), serão beneficiadascom a criação de um projeto de assentamento, pelo Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (Incra), nas terras pertencentes à antigaUsina Catende, que faliu em 1995 sem saldar dívidas trabalhistas. Os contemplados são trabalhadores da própria usina que, depois dedemitidos, continuaram na terra mesmo com o fechamento da Catende,produzindo cana-de-açúcar em sistema de economia solidária, apoiadospor uma rede de entidades. Na última safra - 2005/2006 - eles moeram 337 mil toneladas de cana queresultaram na produção de 629 mil sacas de açúcar e 18 mil toneladas demelaço. Obtiveram financiamento de R$ 9 milhões do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para investir na lavoura. Os agricultores viviam em casas precárias mas, com o novo projeto,além da terra para plantar, vão receber crédito que totaliza R$32 milhões. Os recursos serão destinados à habitação, fomento ealimentação. O decreto de desapropriação foi assinado em outubro deste ano pelopresidente Luiz Inácio Lula da Silva. A área do complexo Catende, com23.931 hectares, tem 23 imóveis rurais e abrange os municípios deCatende, Água Preta, Jaqueira, Maraial, Palmares e Lagoa dos Gatos, nazona da Mata Sul do estado. A transferência da área para o Incra será oficializada hoje (15) emsolenidade no pátio da usina, em Catende. Participam o presidentedo instituto, Rolf Hackbart, a superintendente regional do Incra, Mariade Oliveira, o juiz responsável pela imissão de posse, Hélio Wanderley,da 7ª Vara Federal, além de políticos e trabalhadores. Segundo a superintendente do Incra em Pernambuco, Maria de Oliveira,depois de anos de luta pela terra, o desafio agora é trabalhar parafortalecer a atividade agrícola que passará a ser diversificada,inclusive com o plantio de café. ”O Incra irá contratar uma consultoriaespecializada em desenvolvimento para que esse projeto de assentamento,nesse território tão grande, com tantas famílias e volumeexpressivo de recursos financeiros, seja bem administrado, podendo setransformar em ganho não só para os trabalhadores rurais, mas tambémpara movimentar a economia dos municípios da área”, declarou. As famílias favorecidas com o projeto serão incentivadas a criarbovinos, caprinos e ovinos e a plantar lavouras de subsistência.