Relatório do Unicef destaca igualdade entre homens e mulheres como fundamental para bem-estar infantil

11/12/2006 - 9h15

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Igualdade de Gênero é o tema central do Relatório SituaçãoMundial da Infância 2007, divulgado hoje (11) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O estudoparte da premissa de que a igualdade de oportunidades entre homens e mulheresfavorece o bem-estar da criança.“A luta em prol da defesa dos direitos damulher e a luta da realização dos direitos da criança são duas pautasnecessárias, complementares e solidárias”, resume a representante da Unicef noBrasil, Marie-Pierre Poirier.Ela lembra que a igualdade de gênero é um dos objetivos do milênio, estabelecidos pelas Nações Unidas (ONU). A metaé aumentar o poder da mulher para melhorar a vida da mulher e da criança.Segundo o relatório do Unicef, mulheres saudáveis, instruídas e fortalecidas têm maiorprobabilidade de ter filhos e filhas saudáveis, educados e confiantes.“Todos os dados mostram que mulheres mais educadas cuidam dafamília com sucesso total e isso ajuda a fazer cair a mortalidade infantil emelhora o status nutricional da criança”, exemplifica Marie-Pierre.Mulherescom educação secundária têm, inclusive, maior poder de negociação dentro dafamília. Na prática, isso representa mais recursos destinados às crianças e oconseqüente impacto positivo sobre a nutrição, os cuidados de saúde e aeducação de seus filhos.Dados de 2000 mostram que no Brasil, por exemplo, a taxa demortalidade de menores de cinco anos entre os filhos de mulheres com até trêsanos de estudo era 2,5 vezes maior que entre os filhos de mulheres com oito oumais anos de estudo.Além de traçar um panorama da igualdade de gênero no país, orelatório do Unicef aponta caminhos para aumentar as oportunidades departicipação feminina na família, no trabalho e na esfera política. “Nos trêsníveis, se vê como a discriminação contínua no mundo inteiro, no Brasil também,e temos que ter estratégias que contemplam estas três dimensões”, afirma arepresentante do órgão no Brasil.Marie-Pierre defende a necessidade de garantir educaçãopara todas as mulheres, assegurar recursos nos orçamentos governamentais ecorrigir legislações discriminatórias, garantir cotas para as mulheres no Legislativo e abrir a participação das mulheres na construção das políticaspúblicas.Segundo a representante do Unicef, também é necessário envolver homens e meninos na luta pelaeqüidade. “Não se trabalha desigualdade de qualquer tipo sem protagonismo detodos os lados”, justifica Marie-Pierre, que também destaca necessidade de melhorar a qualidade daspesquisas e dados sobre a situação de mulheres e meninas.