Mulheres continuam excluídas das decisões familiares, revela Unicef

11/12/2006 - 9h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Relatório Situação Mundial da Infância 2007, divulgadohoje (11) pelo Fundo das Nações Unidas para aInfância (Unicef), traz indicadores referentes à igualdade deoportunidades de homens e mulheres na família, no emprego, na política e nogoverno no mundo todo.No ambiente familiar, o estudo mostra que prevalece adesigualdade de gênero em muitos países. Em apenas 10 dos 30 países emdesenvolvimento pesquisados, 50% ou mais das mulheres têm participação nasdecisões domésticas - incluindo aquelas referentes aos gastos familiares, àsaúde da mulher e às visitas feitas pelas esposas a parentes e amigos.Na África, por exemplo, o percentual de lares em que omarido decide sozinho sobre a saúde da mulher ultrapassa os 70% em BurquinaFasso (74,9%), Mali (74,1), Nigéria (73,4%) e Malaui (70,8%).Na Ásia, metade dos maridos do Nepal e de Bangladesh decidem sobre a saúde de suas esposas. NaAmérica Latina , a autonomia feminina é bem maior. O pior índice disponívelrefere-se ao Haiti, onde 21,3% dos homens tomam a decisão.A liberdade de ir e vir também é bastante limitada em muitospaíses em desenvolvimento. Em Burquina Fasso e Mali, cerca de 60% dos maridosdecidem quando suas esposas podem visitar parentes e amigos. Na América Latinae Caribe, a Nicarágua se destaca – lá 18,4% das mulheres pedem permissão aosmaridos antes de sair de casa.Quanto às decisões referentes aos gastos familiares, cabemao marido em mais da metade dos lares de países africanos como Malaui, Nigériae Uganda. Na América Latina e Caribe, são as mulheres que decidem – naColômbia, que tem o pior índice da região, apenas 13,7% dos maridos deliberamsobre gastos familiares.Para aumentar a participação da mulher nas decisõesfamiliares, o relatório sugere três caminhos: aumentar as oportunidades deemprego e de geração de renda para mulheres, envolver os homens em programas dedefesa de direitos e apoiar organizações de mulheres. No Brasil, opercentual de famílias chefiadas por mulheres subiu 22,3% em 1993 para 28,8% em2003.