Índios Krahô-Kanela comemoram posse da terra e já começam a erguer aldeia

09/12/2006 - 18h26

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de serem expulsos de uma área que ocupavam desde o início do século passado, os índios Krahô-Kanela puderam comemorar a vitória de uma luta iniciada há 30 anos. Foi publicado ontem (8), no Diário Oficial da União, o decreto de desapropriação de 7.153 hectares de duas fazendas no município de Lagoa da Confusão, em Tocantins.O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autoriza a Fundação Nacional do Índio (Funai) a promover a desapropriação dos imóveis, que serão pagos com R$ 8 milhões vindos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).O cacique Mariano Ribeiro Krahô-Kanela anunciou hoje (9) que as primeiras casas da nova aldeia já começam a ser erguidas. “É uma alegria muito grande, poder voltar ao local em que nossos avós viviam”, comemorou. Até agora, eles estavam morando em uma casa, erguida sobre um antigo lixão, na cidade de Gurupi (TO).Segundo o cacique, os Krahô-Kanela tiveram que fugir, por volta de 1910, do município de Barra do Corda, no Maranhão, para não serem mortos pelos fazendeiros, que já naquela época invadiam e ocupavam as terras indígenas. “Os brancos matavam muita gente e a nossa família (tribo) precisou fugir para não morrer”, recordou.O líder indígena só lamenta que, ao longo dos anos, a comunidade original, de 300 pessoas, foi se desfazendo, só restando hoje 86 que permaneceram juntas.“Os outros foram se espalhando pelas periferias das cidades e se misturando aos brancos. Mas se eles quiserem retornar, serão bem-vindos, desde que sigam os nossos rituais e modo de vida”, disse o cacique.No dia próximo dia 27 será feita uma festa na nova aldeia, que deverá contar com as presenças de representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Funai, do Incra e do vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Paulo Paim (PT-RS), que intermediou a negociação com o governo.