Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - Os países do Mercosul vão enfrentar adiscriminação das mulheres no campo, promover a facilitação do comérciodos produtos da agricultura familiar e desenvolver um projeto conjuntode seguro agrícola – cujo piloto será implantado no Paraguai, em 2007,com recursos do bloco econômico. O anúncio foi feito nessaquinta-feira (7), em Porto Alegre, pelo ministro do DesenvolvimentoAgrário, Guilherme Cassel, ao divulgar as ações que serão discutidasaté esta sexta-feira (8) para serem inseridas na agenda de políticaspúblicas do Mercosul. Elas foram debatidas desde terça-feira (5) emPorto Alegre, durante encontro preparatório à 6ª Reunião Especializadasobre Agricultura Familiar (Reaf Mercosul). Ao participar da abertura oficial da reunião, no HotelEmbaixador, no centro da capital gaúcha, Cassel anunciou que a Reafcriou uma rede entre todos os órgãos de terra do Brasil, Argentina,Uruguai, Paraguai, Chile e Venezuela, “para trocar tecnologias,experiências e informações sobre o processo de reforma agrária”. O representante regional para a América Latina e Caribe daOrganização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO),José Graziano, disse que, por incrível que pareça, metade das pessoasextremamente pobres da América Latina é formada de produtores rurais.“Ou porque não têm acesso à terra, têm pouca terra, ou ainda, nasregiões andinas, onde têm terra mas não têm acesso à água”, explicou. Graziano, que oficializou a criação da Rede de Institutos deTerra do Mercosul, recebendo a ata de institucionalização do organismo,também discutiu a ata de trabalho da Reaf. Ele anunciou que na próximasemana, a FAO vai reunir os países que já fizeram reforma agrária, comoo Chile e o Peru, e os que estão fazendo, como Brasil, Venezuela,Bolívia e Paraguai. No encontro, serão discutidas as implicações doprograma de terra para acesso de pequenos produtores pobres. Não tem porque nós convivermos com esse paradoxo de gentepassando fome na área rural do continente que é o maior exportador deprodutos agrícolas do mundo”, disse Graziano, destacando que uma dasações fundamentais da FAO na América Latina é a questão dadesigualdade. “Desigualdade do acesso à terra, à água, aos recursosnaturais de modo geral e à distribuição de renda”. Graziano informou que existem 52 milhões de subnutridos nocontinente. Ele disse que a FAO também trabalha com a Reaf, no programade compras da agricultura familiar – “pioneiro no Brasil”. Aorganização vai atuar, em conjunto com os governos dos países, pararecuperar a base alimentar da região, “onde houve um estreitamento nadieta dos povos, principalmente da população mais pobre – indígenas eafrodescendentes, que são os mais afetados hoje pela questão da fome”. Ostemas da agenda desta edição da Reaf, facilitação de comércio, seguroagrícola, gênero e acesso a terra e reforma agrária foram deliberadaspelos grupos de trabalho, formados por mais de 120 representantes degoverno e de entidades civis dos países do Mercosul. Elas serãorecomendadas ao Grupo Mercado Comum (GMC).