Pesquisadores defendem nova estratégia de gestão ambiental para a Amazônia

07/12/2006 - 19h54

Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O Programa Integrado de Recursos Aquáticos da Várzea (Pyra),da Universidade Federal do Amazonas, está comemorando hoje (7) dez anos deatividades com uma nova estratégia de conservação para a Amazônia: sistemasabertos sustentáveis (SAS). “Nossa proposta se contrapões à criação de unidadesde conservação porque as áreas protegidas são definições do território impostasde cima para baixo, delimitadas principalmente pela pesquisa biológica, pelosrecursos naturais, não pelos grupos sociais e pelas redes de interação dascomunidades”, explicou a coordenadora do Pyra, bióloga Nídia Noemi Fabré.  O conceito de sistemas abertos sustentáveis foi construído apartir das pesquisas e projetos de desenvolvimento local realizados em 25comunidades ribeirinhas de Manacapuru (AM), nas quais vivem cerca de 2,8 milpessoas. A idéia básica da proposta é valorizar o conhecimento tradicional dosmoradores da floresta e apoiar o uso múltiplo equilibrado dos recursos naturais,gerando melhorias na qualidade de vida. “A sustentabilidade aqui é pensada a partir da criação dealternativas e compensações aos moradores do interior. A obrigação de cuidar danatureza é de todos, não só deles. A gestão ambiental na Amazônia tem que terfoco no ser humano, tem que passar pela melhoria na educação, o respeito aosjovens, às mulheres”, disse a pesquisadora. Fabré disse que a política de criação de unidades deconservação na Amazônia evoluiu nos últimos 30 anos a partir da luta dosmovimentos sociais da região, especialmente dos seringueiros. “Antes as áreasprotegidas eram pensadas como locais que excluem as pessoas. A partir da décadade 80, temos a criação das reservas extrativistas, e em 2000 o Snuc (Sistema Nacionalde Unidades de Conservação) dividiu as unidades de conservação em duascategorias: proteção integral e uso sustentável (as últimas admitem moradores)”,explicou. “Hoje muitos movimentos sociais brigam pela delimitação deunidades de conservação porque elas têm uma série de políticas públicasassociadas a ela, como a facilidade de acesso ao crédito. Mas é preciso criaresses instrumentos também para os sistemas abertos sustentáveis. Não precisamostransformar a Amazônia em uma grande unidade de conservação para que o Estadodialogue com seus moradores”, afirmou.