Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mauro Osório, considerou um “bom resultado” o crescimento de 0,8% da produção industrial em outubro, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Osório considera que a indústria influenciou na redução da projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, que passou de 3,3% em setembro, para 2,8% ontem(5)."A indústria impacta na economia como um todo, seja pelo peso dela, seja pela capacidade que ela tem de estimular os setores terciário e primário. Boa parte do setor de serviços se refere a serviços para outras atividades e a indústria consome também muita matéria-prima. Então, a indústria tem um peso importante porque ajuda a dinamizar o setor serviços e o setor primário”, analisou o economista.O técnico André Luiz, do IBGE, argumentou, por sua vez, que a alta de 0,8% registrada em outubro é importante porque é precedida de uma queda de 1,1% em setembro. Ele observou que embora o IBGE não faça previsões de tendência, o indicador de média móvel trimestral apurado pelo órgão indica uma trajetória positiva de crescimento industrial, embora moderado, iniciada na passagem de março para abril. Nos últimos anos, os melhores resultados do mês de outubro em comparação ao mês imediatamente anterior foram notados em 2002 (3,8%) e 2003 (2%).Mauro Osório destacou o fato de o atual cenário da globalização e de revolução tecnológica apontar para a diminuição do peso da indústria. “O que é correto”, disse ele, frisando, por outro lado, que há um efeito estatístico nesse quadro. “Como as empresas hoje em dia têm de ser mais ágeis, porque a velocidade de inovação é mais rápida, elas passaram a terceirizar mais e ter uma estrutura mais enxuta”.O professor da UFRJ afirmou que a economia brasileira vem crescendo pouco este ano e se beneficiando pouco também do bom momento econômico internacional. A solução, conforme avaliou, está concentrada na taxa de juros. “Eu acho que o Banco Central deveria procurar acelerar um pouco mais essa queda (da taxa básica de juros Selic) porque tem todas as condições para isso”, sugeriu. Na análise do economista, a redução dos juros teria impacto positivo sobre os investimentos e a ampliação do consumo, uma vez que as vendas a prazo ficariam mais baratas.Como os empresários hoje trabalham muito com base em expectativas, Osório acredita que “na medida em que se projeta uma queda mais agressiva da taxa de juros, isso vai sinalizar como uma perspectiva interna de crescimento, levando ao aumento dos investimentos. Ou seja, a expectativa também pode gerar dinamismo. Essa taxa de juros é o freio puxado”, sublinhou.Osório está trabalhando com a perspectiva de crescimentos contínuos da indústria nos próximos meses. Dados mais recentes apontam que não haverá nenhuma queda abrupta da economia norte-americana, o que favorece o desenvolvimento econômico nos países emergentes. “Se não houver nenhum problema no horizonte próximo nos Estados Unidos, o cenário é de a economia internacional continuar bastante favorável. No Brasil, a taxa de juros vem caindo e de alguma forma vai impactar positivamente. Então, não tem nada no horizonte de curto prazo que aponte uma desaceleração no Brasil”, avaliou.