Mulheres e jovens conquistam inclusão no mercado de trabalho em ritmo diferenciado, mostra OIT

06/12/2006 - 18h45

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil caminha para a inclusão da mulher e do jovem no mercado de trabalho. Aconclusão é do Panorama Laboral 2006, relatório sobre o trabalho urbano naAmérica Latina e no Caribe divulgado hoje (6) pela Organização Internacional doTrabalho (OIT).Segundo o relatório, o desemprego deve ter um leve aumento em relação a 2005(de 10% para 10,2%). Entretanto, a taxa entre os adolescentes desempregados de 15 a 17 anos diminuiu para33,1% no terceiro trimestre deste ano. Em setembro de 2005, o percentual era de34%. O fenômeno se repete com as mulheres. No mesmo período, enquanto odesemprego entre os homens aumentou de 7,9% para 8,3%, a taxa entre as mulheresrecuou de 12,7% para 12,5%.“Esses dois segmentos estão se incorporando ao mercado de trabalho num ritmomaior que o restante da população”, avalia a diretora da OIT no Brasil, LaísAbramo. Ela, no entanto, ressalta que o desemprego continua a afetar maisduramente essas parcelas. “Entre os jovens, a taxa é quase três vezes maior quea média oficial”, aponta.O aumento do salário mínimo real (descontada a inflação) também foi destaque norelatório. Como em outros países da América Latina, o Brasil registrarecuperação no poder de compra. Desde 1990, o salário mínimo aumentou 74,6% emníveis reais, só perdendo para Chile (95,4%), Bolívia (162,5%) e Argentina(236,3%). “Se, por um lado, esses aumentos podem comprometer os gastospúblicos, por outro recuperam o poder aquisitivo da população e estimulam oconsumo”, observa Abramo.O relatório da OIT faz projeções para o crescimento da economia na AméricaLatina e no Caribe em 2006 e 2007. Tanto neste como no próximo ano, o Brasilcrescerá abaixo do restante do continente. Enquanto a perspectiva decrescimento na região é de 5,1% neste ano e de 4,4% no próximo, o Brasil, deacordo com o levantamento, subirá apenas 3,2% em 2006 e 4% em 2007.Coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho,Paula Montaigner considera positivos os avanços obtidos pelo Brasilprincipalmente no que diz ao aumento da cobertura previdenciária dostrabalhadores. Ela, no entanto, ressalta que a pesquisa só representa arealidade de uma parcela dos empregos.“O levantamento da OIT só considerou os dados das seis regiões metropolitanaspesquisadas todo mês pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística]”, explica. “O universo pesquisado só representa 28% da populaçãoeconomicamente ativa e não leva em conta, por exemplo, o crescimento do empregonas cidades do interior”.