Marcha de trabalhadores pede mínimo de R$ 420 e correção do Imposto de Renda

06/12/2006 - 13h46

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de mil trabalhadores de diversascategorias, entre agricultores, metalúrgicos e bancários, além deaposentados, saíram, na manhã de hoje (6), em marcha do Estádio ManéGarrincha rumo à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes.Eles participam da 3ª Marcha Nacional pela Valorização do SalárioMínimo, que pede reajuste de 20% para o salário e correção de 7,7% natabela do Imposto de Renda Pessoa Física.

Com isso, o salário mínimo passaria dos atuais R$ 350 para R$ 420 e diminuiria o imposto pago pelo trabalhador.

Ascentrais sindicais também reivindicam a implementação de uma políticade Estado de valorização permanente do salário mínimo, que o eleve, nospróximos anos, aos valores preconizados pelo Departamento Intersindicalde Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mede o índice docusto de vida no país.

Para o presidente daConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoeldos Santos, o salário mínimo é o maior instrumento de unificação doconjunto dos trabalhadores brasileiros. “Sem dúvida, é o principalinstrumento de distribuição de renda da classes sociais menosfavorecidas, e há muito o Brasil vem deixando o salário mínimo como umaproposta sacrificada”. Segundo Santos, das três marchas realizadas atéhoje, essa é a melhor, mais forte e mais organizada.

Osecretário de Assalariados Rurais da Contag, Antônio Lucas Filho,avalia que qualquer aumento conseguido irá beneficiar imediatamente ostrabalhadores do campo. “Nós, da Contag, estamos empenhados nisso,porque a maioria dos trabalhadores rurais recebe hoje no campo com baseno salário mínimo”. Segundo ele, 90% dos benefícios rurais concedidospelo governo também estão vinculados ao salário mínimo.

“Agente sabe que o presidente Lula não vai regredir dos valores que jáestão aí. Se a gente pegar o último valor que foi pago, 16,67%, que foipara R$ 350, só isso já representa um salário de R$ 375. Então, nomínimo teria de ser isso”, diz Antônio Lucas.

Olavrador aposentado Pedro Frederico Moreira, de 68 anos, veio domunicípio de Posse, em Goiás, participar da marcha. Ele afirma que osalário mínimo ajuda muito no sustento, mas não é suficiente paraterminar de criar os 10 filhos.  “Meu sonho é ter um lugar paratrabalhar para eu ter as coisinhas de comer lá dentro da minha casa, edeixar esse dinheiro que o governo me dá para comprar remédio, roupas,essas coisas, e trabalhar para manter o meu pão de cada dia”.

Ascentrais sindicais estimam a presença de 10 mil trabalhadoresparticipando da marcha. Após o encerramento das manifestações naEsplanada dos Ministérios, os principais dirigentes vão se reunir noseminário Valorização do Salário Mínimo e Desenvolvimento, daqui apouco, no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.

Alémda Contag, participam da marcha representantes da Central Únicas dosTrabalhadores (CUT), da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil(CGTB), da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e da CentralAutônoma de Trabalhadores (CAT).