Indígenas participam de revisão de mapa de áreas prioritárias para conservação

06/12/2006 - 20h48

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Representantes de organizações indígenas estão reunidos hoje(7) em Manaus com técnicos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e deorganizações não-governamentais da área ambiental para participar daatualização do Mapa Nacional de Áreas Prioritárias para Conservação, UsoSustentável e Repartição de Benefícios. A oficina, que vai até amanhã, nãoestava prevista no processo de revisão do documento e atende a umareivindicação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira(Coiab).  "Temos aqui índios do Acre, Amazonas, Pará e Rondôniaespecializados nessa questão. Eles fiscalizam há anos suas terras e acho quetêm conhecimentos que podem servir ao Ministério do Meio Ambiente",declarou à Radiobrás o coordenador do DepartamentoEtnoambiental da Coiab, Darcy Marubo. "A oficina é boa para o governo epara a gente. Temos que investir na proteção e desenvolvimento sustentável dasterras indígenas, não adianta só demarcar. Não é admissível que continuem a morreríndios por desnutrição e que nossas áreas continuem a ser invadidas pormadeireiros." O representante da Secretaria de Biodiversidade e Florestasdo MMA, Ronaldo Waighan, explicou que o mapa é um instrumento que ajuda adirecionar a aplicação de verbas em projetos de conservação da natureza e dedesenvolvimento sustentável. Nele, as terras indígenas serão classificadas comoáreas de prioridade extremamente alta, muito alta e alta. "Isso poderesultar em recursos maiores ou menores em fiscalização. Ou também se traduzirno tempo dos investimentos, porque a prioridade se desdobra em importância eurgência", explicou. Para a coordenadora de Identificação e Delimitação de Terras Indígenas daFundação Nacional do Índio (Funai), Juracilda Veiga, a análise das terrasindígenas ajuda a mostrar a dimensão dos problemas ambientais enfrentados peloórgão e a necessidade de reestruturação dele. "Hoje a Funai representa aproteção de 12% do território nacional, mas está realmente sucateada paraenfrentar os desafios. Nossa coordenação, por exemplo, tem apenas seisantropólogos", revelou.O mapa de áreas prioritárias em vigência atualmente foi elaborado entre 1998 e2000, mas homologado apenas em 2004 pelo presidente Lula. O processo de revisãodeverá ser concluído ainda neste ano, em uma reunião extraordinária do ConselhoNacional de Biodiversidade (Conabio), prevista para acontecer nos dias 19 e 20,em Brasília.