Para atender sociedade, TV pública precisa ser independente, diz associação

27/11/2006 - 21h47

Nielmar de OLiveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Para que possa cumprir as finalidades de atendimento àsociedade, com uma definição clara da compreensão dos acontecimentos, emdetrimento do espetáculo da notícia, a televisão pública precisa serintelectual e financeiramente e administrativamente independente. A opinião édo presidente da Associação das Emissoras Públicas Educativas e Culturais (Abepec),Jorge Cunha Lima, durante a solenidade oficial de lançamento do Fórum Nacionalde TVs Públicas.Na avaliação do presidente da Abepec, desde as suas criaçõesas TVs públicas no país enfrentam graves problemas decorrentes da legislaçãoimposta pela ditadura militar, que impediam a sua sobrevivência edesenvolvimento, ao privilegiar e dar assistência somente ao sistema privado detelevisão.“Sempre foi muito difícil a sobrevivência das TVs publicasno país. Elas sempre estiveram muito abandonadas. Somente com autonomiaintelectual, financeira e administrativa, a televisão pública poderá cumprir oseu real papel na sociedade brasileira e cumprir realmente as finalidades paraas quais elas foram criadas: uma televisão voltada muito mais para a sociedadedo que para o mercado; voltada para a compreensão dos acontecimentos do quepara o espetáculo da notícia. E que privilegie a formação das crianças e daconsciência critica do cidadão”, avalia.Um processo deflagrado com o objetivo de promover uma ampladiscussão sobre a TV Pública e seus desafios no cenário da comunicação socialcontemporânea – o 1º Fórum Nacional de TVs públicas reúne em suas diversasfases representantes do campo público de televisão, do governo federal, doCongresso e da sociedade civil.Em sua primeira fase preparatória, o processo permitiu aelaboração de um diagnóstico dos diversos segmentos do campo público detelevisão. Este diagnóstico foi sintetizado no “Caderno de Debates”. O eventocontou com as participações do ministro da Cultura, Gilberto Gil, do secretáriode Audiovisual do Ministério, Orlando Senna, e dos presidentes da AssociaçãoBrasileira de Televisão Universitária, Gabriel Priolli, da Radiobrás, EugênioBucci, e da TVE, Beth Carmona.Para Jorge Cunha, é chegado o momento de a TV pública ganharo reconhecimento de alguns setores da sociedade e de segmentos da própriaadministração publica e do Congresso Nacional. “E as discussões no âmbito do fórumvão propiciar este reconhecimento. É chegado o momento de a TV pública possaganhar o espaço que ela merece na sociedade, não como um filho bastardo dalegislação, mas sim como um instrumento legítimo da cidadania – que a televisãorepresenta”, afirmou.Uma iniciativa do Ministério da Cultura junto à Casa Civil eàs entidades representativas do campo público de televisão, o evento aconteceuem sessão especial da programação do Fórum Cultural Mundial – que acontece noRio desde a semana passada.