Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A falta de testemunhas está sendo o maiorempecilho para que o Ministério Público (MP) de São Paulo avance nainvestigação das circunstâncias das mortes ocorridas durante os ataques que afacção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) realizou nas cidadespaulistas entre 12 e 20 de maio. Quem afirma é o procurador-geral de Justiça doestado de São Paulo, Rodrigo Pinho.Até o momento, segundo Pinho, seis processos já foram arquivados a pedido dopróprio MP paulista por falta de provas. No período dos ataques, de acordo como Conselho Regional de Medicina de São Paulo, ocorreram 493 assassinatos,resultado dos confrontos entre a polícia e os suspeitos.“O importante é que as pessoas que tenham presenciado algum fato, alguma cenacompareçam”, afirmou o procurador. “Existe uma dificuldade em relação àautoria. A prova da materialidade já está produzida, mas sem prova testemunhal,em um crime de homicídio, não há possibilidade de condenação”. Ele falou àimprensa hoje (27) após reunião com o secretário especial dos Direitos Humanosda Presidência da República, Paulo Vannuchi, e membros do Conselho de Defesados Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).O MP colocou dois telefones à disposição das pessoas que tenham testemunhado osassassinatos. Os números são (11) 3119-9915 ou (11) 3119-9916. As testemunhasserão mantidas em sigilo e poderão ser incluídas no Programa de Proteção àsTestemunhas.“Pela quantidade de tiros, pela localização, fica evidente que houve execução.Não foi uma reação a uma ameaça, não se caracteriza uma legítima defesa. Étamanho o exagero, que só se pode explicar por execução”, comentou o juristaDalmo Dallari, membro do CDDPH, sobre a condição em que ocorreram asmortes. Dallari ressaltou, no entanto, que não há a conclusão de que os responsáveispelas mortes foram policiais: “Os elementos colhidos ainda são muito frágeis emtermos de identificação de uma autoria”.